segunda-feira, 2 de junho de 2014

A porta da rua é serventia da casa

A posição de Seguro de tentar a todo o custo impedir a realização de um congresso do PS nada tem que ver com princípios ou estatutos se Seguro estivesse convencido de uma vitória.
Mas Seguro sabe que já perdeu o país e que muitos dos eleitores tradicionais do PS preferiram votar no Marinho e Pinto. Seguro sabe que perdeu o país e mais tarde ou mais cedo perderá o PS pondo fim à sua ambição de chegar ao poder.
A rábula das primárias mais não é do que uma fuga para a frente, tentando ganhar tempo que o país e o PS não têm.
Seguro pode adiar uma vitória de António Costa mas não conseguirá adiar o seu fim político. A razão pela qual as pessoas não vêm no PS uma alternativa é a mesma pela qual não vêm no governo uma solução. E daí a pancada no centrão nas últimas eleições europeias. Foi esta a conclusão de Costa. É esta a conclusão do país, agravada pelo discurso da vitória 'esmagadora' de Seguro na noite das eleições e que não passou de uma vitória pírrica. Ou será que Seguro já não se lembra da oposição interna que fez a Sócrates? E vem agora falar de traições...
Se a actual liderança é tão defensora das regras estatuárias em relação ao PS porque razão não revelam os mesmos bons princípios em relação ao país? Aceitando Seguro participar em negociações com o PSD que tinham como contrapartida a realização de eleições antecipadas à margem dos princípios constitucionais?
Se Seguro é tão defensor das regras, como explica que tenha ido ao Tribunal Constitucional pedir que este declarasse os cortes dos vencimentos inconstitucionais e depois tenha apresentado um programa de governo ridículo em que mantém os cortes mesmo depois de declarados inconstitucionais e quando o próprio governo já programou a sua eliminação progressiva?
Se no passado Seguro defendeu a participação dos simpatizantes do PS na eleição do líder porque razão blindou os estatutos para proteger a sua liderança e agora esconde-se atrás desses estatutos para manter a liderança sem ter de enfrentar os adversários?
Seguro acha normal que o PS que durante a campanha eleitoral foi o mais visado pelo PCP e que se aliou à direita para derrubar o seu governo decida agora anunciar o voto favorável a uma moção de censura onde se combate aquilo que se designa como «o retrocesso económico e social a que conduziu a política de direita executada nos últimos 37 anos por sucessivos governos»? É normal aprovar moções de censura antes de as ler? E classificar essa moção como "um frete ao governo" e depois votá-la favoravelmente?
E será normal haver um candidato a primeiro ministro e ao mesmo tempo um secretário geral, numa bicefalia que tão bons resultados tem dado no BE?
A bem do país, a garotada tem que ir embora. A do PS, a do governo, e o PR que jurou defender a Constituição e nada diz sobre a tentativa persistente de a contornar por um governo fora da lei. Um governo, que para além de outras medidas, leva 3 orçamentos inconstitucionais em 3 possíveis.

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