sexta-feira, 13 de junho de 2014

Um país adiado 2


Ontem, e por causa dos 'inconseguimentos' de Portugal, e do início do mundial de futebol no Brasil sugeri que a bola a rolar vai manter os portugueses alheados e distraídos pelo menos um mês. Um país adiado.
Mas enquanto que aqui no nosso rectângulo, a ordem é para cortar a eito no Estado social, pondo-se agora em marcha, e após o chumbo do TC, cortes de salários feitos no tempo de Sócrates, e que motivaram até um pedido de desculpas por parte do actual primeiro-ministro (lembram-se??), no Brasil o povo sai à rua para contestar os gastos pornográficos em estádios inacabados e impostos pela ditadura majestosa da FIFA. O Brasil passou a última década a encurtar distâncias entre ricos e pobres e conseguiu baixar o índice de pobreza em mais de 50%, tornando-se um país emergente a potência mundial. A política reguladora do Estado, o fomento de estratégias e do crescimento económico, o controlo da despesa e da inflação, o aumento dos apoios sociais e do salário mínimo deram poder de compra aos mais desfavorecidos e elevaram a economia brasileira para o terceiro maior crescimento mundial em 2013. Dilma só teve que seguir, e seguiu, o plano Lula. Mas os milhões a mais exigem sempre uma mudança de paradigma. A crise financeira troikiana e pré-americana teve na base a distribuição de lucros pelos mais favorecidos. Que melhor sítio para o fazer senão nos sítios onde está o dinheiro. Bancos, correctoras, agências de rating, seguradoras, imobiliárias, no fundo a bolha capitalista. No Brasil foi a FIFA. Até ver...
O povo sentiu-se traído e sai à rua para reivindicar mais Estado social, mais educação, mais saúde, mais investimento, melhores salários, enfim, o que seria normal numa sociedade avançada porque mais igual... Os mais de 400 mil milhões de euros investidos equivalem a três vezes o nosso PIB anual. A FIFA, com o beneplácito de Dilma Rousseff adiou também o Brasil. A grande diferença é que por lá não se habituaram a ser serenos e a comer e calar...

Sem comentários: