sábado, 22 de dezembro de 2012

Natal de Resistência

Em plena época natalícia, a previsão (contemporânea) Maia, do fim do mundo, gorou-se. É, no entanto, opinião corrente que o ocaso final não tardará. Não por qualquer conspiração cósmica ou divina e alinhada nessa orientação, mas por mão humana, como num fogo posto. A generalidade desse sentimento alvitra, inconscientemente, uma sensação de impotência e conformismo preocupante.
Vamos morrer, desfalecer, empobrecer, definhar e desaparecer. O ser humano, subentenda-se. Por culpa própria. E não há nada que possamos fazer para inverter a situação.
O sentimento de impotência só terá sentido após a luta. Principalmente se essa luta é desigual. O conformismo só faz sentido depois da derrota. Justa ou não... Mas o activismo e a cidadania exigem a querença que só os princípios do humanismo e da democracia podem oferecer.
Eu sei que por esta altura devia escrever sobre optimismo e espírito de Natal, mas a minha consciência não me deixa. A reunião com a família e os amigos é o meu Natal. Nada mais que isso, e tudo o que isso representa e me preenche. Posso até cometer o pecado da hipocrisia e até ser demagógico, mas se é verdade que este Natal será especial para mim e para a minha família por virtude de ser o primeiro na companhia da minha primogénita, não esqueço as vicissitudes do ano de 2012 que agora termina. Eu vou ter esse Natal... Mas 2012 não vai proporcionar esse Natal a uma grande maioria...
O ano de 2012 foi, em matéria sociológico-política, o pior de que tenho memória. Desde a primavera árabe falhada, da guerra civil da Síria, dos vícios de omnipotência no Egipto, à campanha niilista Israelo-Palestiniana, das crianças assassinadas de Newtown, do Iraque, do Afeganistão e da Palestina, das vítimas da fome de África, às que agora temos à porta de casa. No nosso quintal...
Nesta época de atropelos à condição humana e aos seus valores, não nos podemos esquecer daquelas que são as vítimas primeiras da cegueira, ideológica e liberal, mundial e intrafronteiras, presente e crescente. Hoje, neste período, só honraremos essas vítimas, não com caridade, não com pena e partilhas deprimentes, mas sim com denúncia, com intervenção, real e pró-activa. A história do homem nunca teve tão poucos. A febre do dinheiro e do capital, do interesse e da ganância também não o permite. Em Portugal como no resto do planeta. Os que têm potencial (Obama), estão enredados em teias de burocratas, lobbies e máfias de colarinho branco-sujo, castradoras e chantagistas.
O meu país está em liquidação total. A minha região está a ser esvaziada. A minha cidade está deprimida.
As crianças do amanhã exigem uma outra atitude, a partir de agora, dos pais e avós de hoje. Exigem um Natal de oportunidades em 2013. Vão pedir explicações no futuro à geração do agora. Aos homens de hoje, exige-se que não deixem que os seus filhos sigam o diapasão da dívida geracional, Que não deixem de ensinar os valores que definem a cidadania e a vida em sociedade. A Justiça, a Igualdade, a Liberdade e a Democracia. Os direitos e as garantias. Que lutem hoje pelo seu futuro. Que lutem por um Estado de oportunidades iguais. Social e fraterno. Justo.
Eu, neste espaço, bem ou mal, é o que tento fazer. Noutros sítios também procuro fazê-lo. Pelo Natal futuro dos meus filhos. Pela resistência ao oportunismo, ao egoísmo, à ditadura do capital e ao tráfico de influências lesa-pátria. Aprendido ontem, lutando hoje, resistindo amanhã... Abril hoje e amanhã. Natal sempre...

P.S.- A todos, sem excepção, um Bom Natal!!!



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