terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Tarde demais

2013 amanheceu cinzento. Os dias sucedem-se em catadupa sem um vislumbre de claridade. O odor  vindo das chaminés sente-se no ar, fazendo imaginar lareiras crepitantes, o calor do lar, o aconchego da mesa.
O ano começa assim, soturno e frio. O nevoeiro não traz o Sebastião desejado, antes prenuncia dias de desespero.
2013 amanheceu como a alma dos que cá moram... Sem esperança e receosos. Lá fora, em cada esquina, espreita uma incerteza, que lânguidamente, penetra nos corações mais optimistas.
Sob o espectro ténue de um candeeiro envolto em neblina, os senhores do poder conspiram. Inventam a morte de um Povo, entregue a si mesmo e às contas do rosário. Derretem conquistas passadas, sonegam sonhos de futuro. E o Povo abandonado, abandona. Com ele um país despedaçado, esquartejado, é vendido ao abutre mais pequeno. O leilão ainda vai no adro. E na torre da igreja, em Belém, rebatem os sinos, alarmados por ser tarde demais.
As previsões falham todas, uma a seguir à outra... Mas é já tarde. O Povo vai abandonando. Em Belém, os sinos ecoam, tarde demais... Para então se silenciarem, como até aqui.
Um último soluçar poderá ainda resgatar algum orgulho perdido. Dizem que a Lei Fundamental não cairá, nem deixará cair. Em qualquer dos casos será tarde demais. Quando vier que venha por bem, mas não será nunca a solução. O restolho já esvoaçou. Já será tarde demais...

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