sexta-feira, 18 de maio de 2012

Da Justiça [4] - O Sol aos quadrados quando nasce não é para todos

Há quem saia da cadeia e consiga ir para casa, com pulseira electrónica, que imagino possa ser muito incómoda na hora de dormir no sossego e conforto dos lençóis de seda ou de linho, ou quando sentado no sofá de cabedal, a ver a bola e a beber um whisky muito velho. Há quem nunca chegue a ir para a cadeia, porque o nosso sistema penal permite recursos até à prescrição, com a conivência de juízes, procuradores e do próprio legislador (leia-se, amigos deputados do partido). Também há quem assassine o genro a tiro, à frente da neta, e esteja em casa descansado, mas com a incómoda pulseira electrónica, e, espanto, sob o mesmo tecto onde mora a tal neta e da filha, que por acaso até é magistrada. Há quem 'emigre', há quem receba sms's de espiões que vieram com o frio, manipuladoras de todo um sistema político e de um Estado de Direito, etc...
E depois há o Zé da esquina, que é apanhado com meia dúzia de doses da 'branca', para seu consumo, e não há recurso que lhe valha para o tirar da prisão preventiva, numa cadeia, claro está.
E, vem, a Ministra que tutela a pasta, numa cavalgada, do estilo cavalgadura, dissertar sobre as coisas da justiça, inventar a lâmpada que a todos nos guiará, sob a égide da espada e da balança, tirando poderes aos tribunais, desjudicializando o que é da justiça, sem, no entanto, ainda ter feito coisa alguma.
E eu, confesso, que já não consigo explicar, quando me perguntam, porque é que a lei não é igual para todos?

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