sexta-feira, 20 de abril de 2012

Um Pacto precipitado

"Portugal aprovou o Pacto Orçamental com um voto que reuniu unanimemente a direita no poder e a oposição socialista", Nathalie Kosciusco-Morizet, porta-voz de Nicolas Sarkozy.

Pois é, Seguro e o PS votaram a favor do Pacto Orçamental imposto por Merkel e Sarkozy. Fomos os primeiros a votar e a aprovar o Pacto Orçamental. Todos os restantes países esperam prudentemente o resultado das eleições francesas do próximo Domingo. Hollande, candidato do Partido Socialista francês e até aqui favorito para vencer as eleições diz que quer renegociar o Pacto Orçamental e introduzir-lhe uma adenda sobre crescimento e emprego na UE. E diz também que o actual Pacto Orçamental só reforça a austeridade. Seguro propôs o mesmo, mas perante a rejeição de Passos Coelho, enfiou o rabo entra as pernas e lá aprovou o Pacto que a direita francesa, alemã e portuguesa defendem, apesar dos avisos do FMI.
É confrangedor assistir agora, em plena campanha das eleições francesas, a Sarkozy a utilizar o argumento português contra o candidato socialista francês, além dos outros argumentos xenófobos e populistas, numa espiral de descontrolo, para tirar votos à extrema direita. O PS ou votava contra, afinal não estamos a falar do memorando da Troika, ou adiava a votação mais um mês. Se Hollande vencer as eleições como se espera e eu anseio, Portugal é o menino bem comportadinho que aprovou um Pacto que vai valer zero. Ou duvidam que se a França o não ratificar, a Itália, a Espanha ou outros o farão. O futuro da UE passa muito pelo que acontecer nas próximas semanas.
Sem prescindir, das dúvidas, muitas dúvidas, que se levantam, sobre o mérito do próprio Pacto. Mesmos as que se põem ao nível constitucional, a nossa Constituição é sempre um 'estorvo' nestas coisas. Afinal, o Pacto, servirá para a Alemanha e a França menos, controlarem as políticas financeiras de toda a UE, e se eles não cumprirem, como já o fizeram no passado, não virá mal ao mundo.
A Troika não deve ser diabolizada, afinal fomos nós que os mandamos vir, mas a 'receita' aplicada está a afundar-nos. E isso deve ser posto em causa todos os dias, assim como a política do Gasparzinho e amigos, que utilizam o país como um teste de laboratório, uma experiência num tubo de ensaio, às suas ideologias liberais, contra o povo, e contra todos os avisos. Sócrates era teimoso? Era. Este governo é teimoso? Muito mais...

P.S.- Paula Teixeira da Cruz admitiu hoje o que já desconfiava, os subsídios de férias e de Natal não regressarão em 2015. Mais uma feira do disse-que-não disse se seguirá.

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