domingo, 8 de abril de 2012

Coelho de Páscoa tirado da cartola

A 1 de Abril de 2011, a que por acaso se costuma chamar num tom mais corrente 'o dia das mentiras', Passos Coelho afirmava que era um disparate dizer-se que era sua intenção cortar o 13º mês. Foi uma mentira convicta.
Dois meses depois, corta metade do subsídio de Natal ao sector público e pensionistas que auferissem mais de mil euros mensais, em nome de um desvio colossal na execução orçamental do anterior governo. Desvio esse, que mais tarde a Unidade Técnica de Apoio Orçamental garante que não existiu.
Em Outubro, ainda do ano passado, Passos Coelho elimina os subsídios de férias e de Natal, e afirma e reafirma que "é um corte temporário, que vigorará apenas durante a vigência do programa de ajuda económica e financeira, até 2013". Vítor Gaspar e a Secretária de Estado do Tesouro, um mês depois, afirmam e reafirmam que "os cortes dos subsídios de férias e natal são uma medida temporária para os próximos dois anos. As medidas são temporárias para 2012 e 2013".
Esta semana, que começou com mais um recorde histórico do desemprego, Passos Coelho afirma que os subsídios de férias e de Natal serão repostos gradualmente a partir de 2015. Vítor Gaspar, confrontado no Parlamento com as suas declarações anteriores, disse que se tratou de um lapso. E diz mais, bem devagarinho, que 2014 é o ano imediatamente a seguir a 2013, ao melhor estilo de Lili Caneças.
Ninguém me tira da ideia, que a intenção real do governo é mesmo acabar com os subsídios, só ainda não conseguiram arranjar forma de o dizer aos portugueses. E depois dá nesta trapalhada, porque quem baseia a sua actuação numa mentira, mais tarde ou mais cedo é apanhado na curva.
Ainda nesta semana, o governo proibiu as reformas antecipadas no Estado, frustrando as expectativas legítimas de milhares de funcionários. O que é que o governo receia e que nós não sabemos? O que é João Proença e a UGT têm agora a dizer acerca da concertação social, ou melhor, da falta dela?
Para terminar a semana em beleza, Passos Coelho numa entrevista a um jornal alemão, admite que Portugal possa não regressar aos mercados em 2013, desdizendo o que afirmara 15 dias antes numa entrevista à TVI. A palavra deste governo vale zero daqui para a frente. Um governo que ainda não tem um ano de exercício de funções e só acumula erros, falsidades e política da mais rasteira, sem sequer entrar no domínio da política liberal, baseada no leilão do Estado e na austeridade, que até o FMI já admitiu ser um caminho errado.

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