segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Proibido virar à esquerda

Em Espanha a direita está em estado de graça. Tal como cá, chegou ao poder com maioria, castigando a esquerda que lá esteve. Na Alemanha, na França e na Itália a direita sairá do poder assim que houver eleições. A não ser que se substituam os líderes por tecnocratas de cartilha e pasta na mão. Já aconteceu  na Itália. A crise agora também é da democracia.
A esquerda que estava no poder não soube atacar o problema da desregulação financeira, cozinhada desde os anos setenta. Não conseguiu enfrentar o poder económico instalado. Desistiu do contrato social em nome da especulação e da economia de casino, que substituiu a de mercado. Alavancados no eixo franco-alemão, a esquerda democrata soçobrou perante as exigências e a chantagem de quem verdadeiramente usa e abusa do poder político. E quando a direita populista está no poder e existe o perigo de ser substituída, encontra-se a tal solução de substituição tecnocrata, sem que o povo tenha direito a escolher o seu futuro. É que assim, estes 'encartados' vão poder assegurar que se paguem as dívidas, e já agora com juros a contento. O contribuinte é como o mexilhão, no fim é ele que se lixa. A esquerda tem que encontrar novas vias de se impor pelas ideias e sobretudo pela coragem de tomar medidas justas e equitativas, não desprezando o capital, mas não deixando que seja este a comandar as linhas de orientação da justiça e da igualdade. Se assim não suceder, o Povo não confia na esquerda. Os resultados estão à vista. A esquerda deixou-se adormecer e quando quis acordar já era tarde. Quando começou o ataque liberal, a única via foi aumentar a despesa e a resposta pôs em crise toda uma esquerda definhada, conformada e ultrapassada por uma agenda de ataque ao euro e à bolsa dos contribuintes. Não é por acaso que a agulha liberal tomou conta dos novos governos da Europa. A especulação e o capital de risco, comandados pelos mesmos gestores do Lehman Brothers e afins, influenciam assim com a sua 'mão invisível' os novos governos da direita liberal europeia. Os mesmos que coincidentemente, ou talvez não, foram os principais responsáveis pela crise internacional. Os mesmos que se apoderaram da banca e das famigeradas agências de rating. Veja-se a negociata que o nosso governo está a preparar com Angola para tomar conta do BCP.
Mário Soares disse recentemente que a democracia pode estar em causa. Assunção Esteves afirmou que é chegada a altura de o poder político assumir o papel central que perdeu para o poder económico. Ângela Merkel disse na semana passada que é necessário que a Europa reveja os seus Tratados com vista a uma real união económica. Será que finalmente se começam a despertar consciências?
No nosso burgo, Passos Coelho continua amarrado ao ideal que lhe venderam na feira da ladra, e depois de tentar despachar os 'imprestáveis'  Magalhães ao México e à Venezuela (sim, a do Chávez), tenta agora vender as nossas empresas a Angola. Se o nosso crédito é pouco, temo que se o ardil for para a frente, a nossa 'escassa' reputação não passará de um pântano onde se mergulha de tanga... A fama lamacenta de um país feito de capitais obscuros, mergulhará no lodo o resto da reputação que nos resta. Ao mesmo tempo, soube-se ontem que há um erro no Orçamento para 2012 e teremos que dar mais dinheiro à Madeira. O Alberto João veio ao Continente às compras e saiu com um vale postal de uma correcção nas contas e um brinde para poder gastar 3 milhões de euros em iluminações de Natal e queimar em fogo de artifício. Que linda é a Madeira!!!

Post Scriptum - Os 'Gatos Fedorentos' andam distraídos a embolsar uns milhares à pala da PT, e deixam para trás uma oportunidade única de fazer humor inteligente e histórico com fontes inesgotáveis todos os dias...

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