quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Verdades inconvenientes

A verdade inconveniente é aquela que todos sabemos, ou pensamos que sabemos, mas ninguém tem coragem de dizer. Ou porque não queremos ferir susceptibilidades (como gosto desta expressão!), ou porque temos medo das consequências (principalmente se só nós é que sabemos a verdade) e daquilo que possam ficar a pensar sobre nós. Daí a verdade ser muitas vezes inconveniente. Hoje escrevo com a noção de que poderei ser inconveniente.
1- A esperteza saloia que Papandreou utilizou para agradar a gregos e troianos, é um erro brutal e suicida. É de uma irresponsabilidade sem precedentes. É pôr nas mãos dos gregos a decisão de empobrecer sustentadamente ou empobrecer até atingir o nível de um país africano de terceiro mundo. Papandreou lavou as mãos como Pilatos. Tem a virtude de enfrentar os gregos com a realidade. Mas fica a pergunta: porque não houve referendo aquando do primeiro pedido de ajuda externa e só aparece agora que ele é mais fundamental que nunca? A democracia não se compadece com a escolha dos momentos mais oportunos. É que se a Grécia disser que não à pergunta não deixa de ficar a dever dinheiro. Muito pelo contrário. A falência ficará garantida. E a democracia será garantida após isso?
2- Os EUA são chantagistas e anti-democratas. A visão de povo humanitário esfumou-se com Bush e foi banida dos anais da história com o 'flop' Obama. A decisão de cortar o financiamento que davam à UNESCO apenas porque 107 países votaram a favor da entrada como membro nesse organismo da Autoridade Palestiniana, contra apenas 14 votos contra, é um acto chantagista e anti-democrata. Mas não se coibiram através da NATO de financiar a guerra contra Kadhafi, de quem eram amigos, inimigos, amigos, etc., consoante mudava de mãos o poder sobre o ouro negro. Eles e nós que também fazemos parte dessa corja.
3- Kadhafi morreu como matou. Mas a linha que separa quem mata e quem morre está na diferença como mata. O povo líbio não fez justiça a si próprio. A sua libertação não devia ter ficado manchada como ficou. O resto é mais pacífico. Seja em democracia ou em tirania, EUA, Inglaterra e França assegurarão com certeza os seus interesses, e o povo líbio logo se verá. Afinal Kadhafi também foi amigo muito tempo. A prova ficou em muitos bancos por essa Europa fora, incluindo o nosso banco público. Milhões roubados ao povo líbio com a cobertura dos agiotas do costume.
4- Paulo Portas é para mim o melhor ministro deste governo. (ponto!) Gostava de saber o que pensam os arautos da verdade, os defensores da honestidade sobre o facto de o nosso MNE andar a vender computadores Magalhães ao Hugo Chávez. Basta enviarem-me o que escreveram ou disseram quando era Sócrates a fazê-lo. Depois eu julgo a coerência...
5- A igreja veio criticar a cópia portuguesa do 'Código Da Vinci' de Dan Brown, escrita por José Rodrigues dos Santos. Tirando o pormenor de alguma falta de originalidade do autor português, existirá ainda alguém com dois dedos de testa e menos de 60 anos, que acredite em todas!? as patranhas que a igreja nos quer impingir? Mesmo depois de séculos de desmentidos, de escândalos e de mortes em nome da cruz de Cristo?

Espero ter sido muito inconveniente...


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