
'Eurobonds' ou a mera possibilidade de o BCE poder comprar dívida pública dos seus membros são soluções adiantadas por muitos como as mais razoáveis e eficazes medidas para salvar o euro. A França e a Alemanha não estão interessadas. Os outros deixam. Nós também...
Por cá a banca apanhou-se sem investidores e vai agora ser recapitalizada, através de uma entrada do Estado nos respectivos capitais, com a contrapartida de ter que pagar o que pedir no espaço de três anos, sob pena de ser nacionalizada parcialmente. É assim como que uma 'golden share' suspensiva, em que o Estado pode controlar como é gasto o dinheiro, nomeadamente, nas linhas de crédito para as PME's. O conceito é bom e poderá ser a forma mais eficaz de fiscalização e de assegurar que o Estado não empresta a fundo perdido o dinheiro dos contribuintes. É curioso no entanto, observar como o mesmo Governo que acabou com as 'golden shares', apesar de a isso não ser obrigado, agora, e porque não confia na banca, utiliza um expediente semelhante para a controlar. O mesmo Governo que quer vender o 'país' ao desbarato. O mais liberal de sempre. Curioso e muito irónico.
Passos Coelho falou num ajustamento da dívida... Possivelmente estender o prazo para mais um ou dois anos... Há seis meses era impensável, mas agora a realidade caiu~lhe em cima da cabeça. Bastou, contudo, Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, aterrar em Lisboa na quarta-feira e dizer que Portugal não precisa de mais dinheiro, nem de qualquer reajustamento. Passos Coelho concordou de imediato, porque sabe que ninguém confia em nós.
Confiar é um verbo que não pode ser conjugado com mercado, ou com capital.
Ainda por cá, Miguel Relvas, andou três dias a entreter o menino de coro do PS (A. J. Seguro), com a hipotética almofada dos 900 milhões de euros, e com a esperança de poder devolver um subsídio aos funcionários públicos e aos reformados. Seguro devia ter votado contra o OE. Não por causa da travessura de Miguel Relvas, mas porque estas medidas e muitas outras não estão no memorando que o PS também assinou com a Troika. Porque este Orçamento é restritivo e vai destruir a nossa economia. Porque é injusto e ataca quem trabalha. Porque é irrealista e cego. Apesar de termos pouca margem de manobra, ela existe, como se viu com a Taxa Social Única. Confiou e foi enganado. Pena é que durante três dias houve alguma esperança para muita gente, que depois saiu frustrada. 'Trust' é um fundo financeiro e não passa disso mesmo. A confiança é uma coisa que não lhes assiste.
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