sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Aparentemente, esta foi uma boa semana

Aparentemente, esta foi uma boa semana para o país em geral, e para o governo em particular.
Para além de ter regressado mais cedo que o previsto aos mercados, e após uma razoável colocação à venda de dívida, que contou com níveis de procura cinco vezes superior à oferta, o governo conseguiu em simultâneo, mais tempo para pagar a dívida à Troika.
Também no plano da execução orçamental, o governo conseguiu cumprir as metas do défice que tinha acordado, terminando o ano nos 4,6%, abaixo da meta de 5%.
No dia de ontem, o Conselho de Ministros adiou sine die a venda da RTP.
Mas, o regresso aos mercados nesta altura, foi sem dúvida, uma operação de marketing. A saber: para esconder a visível incoerência, apregoada milhares de vezes por Passos e Gaspar, de que não iriam pedir mais tempo para pagar a dívida, quando de facto, assim foram obrigados a fazer, tendo Seguro aproveitado para marcar pontos, combinaram com Mario Draghi, presidente do BCE, uma operação de marketing que se traduziu no regresso antecipado aos mercados, com a complacência e a cobertura do BCE, que garantiria sempre o seu sucesso. Gato escondido com rabo de fora. Mas será que juros a 4,9% valem a pena? Quanto se pagaria em Setembro?
A execução orçamental foi mais um flop de Gaspar. A contabilização apressada de 800 milhões de euros da venda da ANA, foi mais uma malabarice que escondeu a derrapagem brutal das contas, à semelhança do que aconteceu no ano transacto com as pensões da banca. O governo faz duas vezes seguidas o que tanto criticou no passado.
Quanto ao adiamento da venda da RTP, só foi possível graças a Portas, porque senão Relvas já tinha vendido tudo a um qualquer colombiano.
O PS começou bem, somando pontos com a aldrabice de Passos, mas termina a semana embrulhado num saco de gatos. À luta pelo poder interno, soma-se a entrevista evasiva de Seguro ao Diário de Notícias, que entre outras coisas, disse que não estava preparado para prometer descidas de impostos sobre os rendimentos do trabalho. Ou seja, disse que se chegar a ser governo, deixará tudo na mesma. Não se percebe o que anda então a pregar. Obviamente é uma questão de má liderança.
Entretanto, a austeridade continua... se não vier a piorar. O que tinha tudo para ser uma semana positiva, foi só uma aparência daquilo que os nossos protagonistas políticos com responsabilidades nacionais são sempre capazes de estragar...

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