sexta-feira, 29 de junho de 2012

Desvio colossal para variar

A falácia e a falência da receita da austeridade teve o seu prólogo a semana passada e o seu epílogo no dia de hoje, com a revelação então dos dados do INE relativamente à quebra das receitas, e hoje, dos números do défice.
A previsão inicial do governo, para o crescimento da receita cobrada com o aumento da taxa do IVA foi de 13,6% para este ano! Mais tarde, com o orçamento rectificativo, emendaram para 10,6%. A semana passada o governo revelou que afinal havia uma quebra de 2,8%. Ou seja, não só, não se gerou mais receita, como esta veio mesmo a diminuir. Como diria Vítor Gaspar, um desvio colossal! Tão só e apenas, um erro de 17,4%! em relação à previsão inicial.
O que me espanta é o técnico maior de Portugal, conjuntamente com os seus apaniguados visionários, contra todos os avisos, sinais e outros que tais, que até um polvo na panela adivinharia, não se terem dado conta que uma economia de rastos, por força do total desinvestimento e da austeridade cega, sem qualquer visão de crescimento futuro, aplicando medidas por catálogo, assinadas de cruz, levaria para além de qualquer dúvida razoável a uma diminuição drástica do consumo, e a um descalabro nas contas públicas.
A situação é tão mais grave que, não me canso de o repetir, a recessão e o desemprego, são claramente, o resultado óbvio, de políticas teimosas, insensatas e quase suicidas.
A execução orçamental do primeiro trimestre deste ano aumentou o défice 0,4% em relação ao do ano passado, ou seja, antes de a troika cá chegar. Cifrou-se nuns vergonhosos 7,9% do PIB, o que em boa verdade, quer dizer que o governo e a troika falharam em toda a linha. Ainda haverá quem diga com orgulho que foi além do que estava previsto no Memorando da troika? E Passos Coelho, vai usar de mais austeridade e reduzir a pó o que resta, ou vai finalmente meter o rabo entre as pernas e solicitar uma redefinição do programa, com mais tempo e quiçá mais dinheiro? A exemplo do que fizeram Espanha, Itália e mesmo a Grécia? Será que finalmente vai ceder ao óbvio e tentar encontrar outra solução que permita o crescimento da economia, sem percorrer o caminho do abismo? Como já se começa a ver na Europa? Como qualquer pessoa com um mínimo de bom senso, e que não precisa de ser economista para conseguir enxergar dois palmos à frente do nariz.
Fizemos tudo e mais alguma coisa que a troika impôs, de livre vontade e ao gosto da cartilha do governo. Está na hora de começar a negociar... A meta do défice de 4,5% para este ano será muito difícil de atingir. Só espero que desta vez, o manual da intransigência austera e liberal seja metido na gaveta...
Porque não vai ser com o fecho de urgências, tribunais, freguesias e repartições de finanças, com prejuízo das já muito 'prósperas e ricas' regiões do interior do país, que se vai atingir a meta. Mais um ataque, onde é mais fácil, porque 'Lesboa', capital do império fica lá longe. 

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