sábado, 17 de agosto de 2013

Dará para esquecer?


E pronto! Assim de repente 1,1% de crescimento do PIB no último trimestre dá para esquecer 10 trimestres de recessão. Dá para esquecer uma reforma do Estado inexistente, feita à base de cortes cegos na saúde, educação e segurança social, despedimentos aleatórios e desemprego brutal. Dá para tudo, até dá para pressionar mais uma vez o Tribunal Constitucional, numa avalanche chantagista que se dá mal com as instituições democráticas, base de soberania e independência. Passos Coelho não sabe o que é separação de poderes, o pilar fundamental da democracia, e se não sabe é incompetente, irresponsável e ignorante; se sabe, após os chumbos do TC, é fascista, sem qualquer medo do apodo.
Dá para esquecer Relvas, Borges, Gaspar e Portas, Albuquerques e todos aqueles secretários de Estado que mal aqueceram a cadeira. Dá para esquecer espiões pouco recomendáveis, pressões a jornalistas, equivalências e rendas no sector da energia, para os amigos e para os chineses. Álvaros e companhia, Catrogas, os buracos de Jardim, do BPN e dos Machetes, dos Cavacos e comparsas e limitações de mandatos pouco limitados. Troikas e avaliações mal feitas e por concluir. Jogos de politiquice irrevogáveis, contas sempre erradas e previsões logradas. Dá para esquecer a realidade de um país definhado, afinal é Agosto e o país foi a banhos.
1,1% de crescimento no último trimestre dá para esquecer a novela vergonhosa do último mês, até dá para as sondagens serem favoráveis, e no Pontal as previsões foram mais uma vez de esperança e de demagogia. Dá para esquecer austeridade em cima de austeridade, a venda do país a retalho (os CTT's são já a seguir), as demissões sem ética, e as nomeações habilidosas.
Esquece a Lei das Rendas, o novo mapa judiciário, o novo Processo Civil, a extinção das freguesias, todas contra as populações, contra as pessoas e contra a interioridade. Esquece o diálogo, os pensionistas, reformados, desempregados, professores e funcionários públicos, como sempre. O que interessa são os números, 1,1%. Ainda que no fim do ano a recessão continue a ser uma realidade, o desemprego um flagelo e a pobreza e a dívida uma calamidade. Só esquece a quem não quiser ver... Oxalá esteja enganado!
1,1% de crescimento no último trimestre e finalmente atingimos os valores de há 13 anos. Parabéns!

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