quinta-feira, 25 de julho de 2013

Chafurdanço de Big Brother

Eis que, regressado de férias, termina a novela da política portuguesa. Em vários episódios, durante um mês, também o governo e o país tiraram férias, e saciaram-se à grande a assistir ao entra e sai em directo. Com prefácio de Gaspar, e o fica/não fica irrevogável de Portas, as personagens foram desenvolvendo uma trama digna de uma qualquer série do big brother.
Veja-se o exemplo dessa personagem que dá pelo nome de Rui Machete, um histórico do PSD, recauchutado e vendido como novo. A exemplo da refundação do governo, a refundação do Estado ganha assim um novo significado. Então não é que não chegava o secretário de Estado Franquelim Alves, a quem eliminaram do currículo a sua passagem pelo BPN, agora também o 'novíssimo' ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros oculta da sua biografia os rabos de palha na SLN/BPN e quando questionado sobre essa passagem, acusa todos os outros de podridão! O pântano do BPN e a sua ligação íntima ao cavaquismo permite toda a perfídia, em nome da vassourada para debaixo do tapete de qualquer resquício que possa aparecer no futuro. A podridão de que fala Machete é a maior nojeira e o maior escândalo da democracia portuguesa e cada vez mais se percebe a necessidade de certas nomeações, não vá alguém descobrir ainda mais do que aquilo que já se sabe...
Outra personagem chave do enredo é a ministra das Finanças, sim a dos swaps, a que mentiu na comissão de inquérito, a que Portas não queria no governo e não se sabe porque artes mágicas vai coordenar. Mas coordenar o quê? Como e até quando? Vale tudo em nome do poder comesinho e da fruta no fim da refeição... É este o padrão de honestidade do governo? O mais pequeno de sempre, em nome da falsa moralidade, que tornou os 11 ministérios iniciais ingovernáveis e que em 2 anos já saltou para 14? Até quando?
Mas esta falsa moralidade, este jogo do empurra vai mais longe, veja-se o que tem feito Cavaco Silva, a personagem principal do final da novela. Paulo Portas tentou fugir do desastre para tentar salvar o partido mas um Passos Coelho quase a afogar-se deu-lhe tudo para poder continuar agarrado ao poder. O que fez o presidente? Inventou uma manobra para ocultar as responsabilidades do 'seu' governo, de há muito a esta parte de sua iniciativa presidencial. Usou o país e as dificuldades dos portugueses para uma pérfida e engendrada tática de salvação nacional, tentando colar o PS a este governo miserável, incompetente e moribundo, tudo para acabar a dar posse a uma remodelação já pronta há 15 dias e deixando no ar a culpa do PS por não lhe ter feito o frete. Ou esquece-se do seu discurso no 25 de Abril último, sectário e mesquinho. Feito de ajuste de contas. Ou esquece-se que este governo ignorou o PS e os seus parceiros sociais, pelo menos desde há 1 ano a esta parte? As manobras de Belém tiveram como único objectivo ocultar, adiar e escamotear a verdadeira trapalhada que é e continuará a ser este governo. Um governo dado como morto por 3 vezes, ressuscitou pela mão atrás do arbusto. A mesma mão que o tinha ligado à máquina por mais um ano. Em que ficamos? Há 15 dias este governo, recauchutado ou não, só servia para um ano, e isto porque eleições antecipadas poriam o país em suspenso durante muito tempo, as avaliações da troika, o orçamento para 2014, blá, blá, blá. E agora, passados que foram 15 dias, dá posse a uma remodelação governamental, que já pode servir até ao final da legislatura. Durante estes 15 dias Cavaco lembrou-se que afinal este governo é maioritário. Façam o que fizerem. Até quando?
Entretanto, temos no executivo, dois governos distintos, o da economia de Portas e Pires de Lima, que quer crescimento económico, e o de Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque que quer continuar a senda neoliberal e de austeridade castrantes como até aqui. Até quando?
Estes 15 dias foram uma tentativa de prova de vida do PR, numa manobra suja de arrastar o PS para o lamaçal e atirar poeira para os olhos de alguns portugueses mais incautos, na esperança de esquecerem as cartas de Gaspar e de Portas, de esquecerem os 'swaps' da ministra das Finanças e o afundanço na lama da política portuguesa e de Portugal. Por causa de um governo mentiroso, impreparado, incompetente e premeditado na sacanice e na trampa ideológica que os faz chafurdar como moscas no meio da m...
 

1 comentário:

rogerio disse...

~
Gostei muito.