quinta-feira, 4 de abril de 2013

Vai estudar Relvas

Miguel Relvas estava fora de prazo há muito tempo, a sua imagem fazia mal ao estômago. Demitiu-se tarde e mal. Demitiu-se porque era incompetente. Porque era oportunista. Demitiu-se um dia após a moção de censura ao governo do PS e um dia antes de ser conhecido o acórdão do Tribunal Constitucional sobre as inconstitucionalidades do Orçamento. Demitiu-se no dia em que se soube que Nuno Crato, ministro da Educação terá enviado ou irá enviar para o Ministério Público o relatório 'engavetado' há dois meses sobre a sua licenciatura. Demitiu-se porque é calculista e cobarde. É o típico chico-esperto, político de gaveta, jotinha institucionalizado, que nunca fez, nem sabe fazer mais nada na vida... A ética republicana está finalmente restabelecida, perante a necessidade gritante da eliminação de vícios comezinhos de governantes de negociatas, urdidores de corredor, gestores de vão de escada.
A sua carreira feita sempre à pala de favores e do lambe bota, das amizades interesseiras e do jogo de bastidores, nunca foi perdoada pelo povo massacrado. Sempre que saía à rua, nem sempre estavam em causa as suas políticas, também elas sempre polémicas e discutíveis, desde a extinção de freguesias, passando pela RTP e terminando no programa Impulso Jovem. O que estava em causa era o homem sem ética nem idoneidade moral para gerir o futuro do país.
Será que é desta que vai estudar? Ou irá para comentador político ou para a administração de uma qualquer próspera empresa pública?
A sua conferência de imprensa, sem direito a perguntas, portanto sem ser conferência de imprensa, registou tudo aquilo que Relvas é. Começou por dizer que ao contrário de outros, a história se encarregará de o julgar enquanto governante, para de seguida, fazer um périplo por tudo aquilo que ele considerou como aspectos positivos da sua governação. Ora, se esses foram os aspectos positivos da sua governação, apetece dizer que Relvas, nunca se deveria ter demitido, porque nunca deveria ter chegado ao governo. A licenciatura, as viagens fantasma, as secretas e a maçonaria, as pressões a um jornal e a uma jornalista, a sua falta de dimensão ética e moral, e sobretudo a sua incapacidade e incompetência serão as marcas que vão ficar da sua passagem pelo governo. A falta de respeito pelos valores da democracia, a usurpação dos poderes que lhe foram atribuídos pelo povo, a mentira e a politiquice que o caracterizam não são admissíveis num Estado de direito.
Apesar disso pairam no ar as dúvidas acerca do porquê da sua manutenção intolerável no governo por Passos coelho durante tanto tempo e do porquê de Nuno Crato ter escondido na sua gaveta durante dois meses o relatório que agora enviará para o MP. Resumindo, tanto o Primeiro ministro como o ministro da Educação já sabiam há dois meses que esse relatório poderia conter matéria criminal e, consequentemente, poderia levar à demissão de Relvas. A demissão de Relvas deveria também ser um exemplo para o governo...

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