quinta-feira, 18 de abril de 2013

Consenso mais ou menos imposto

Quando se pede consenso é necessário que se esteja preparado para negociar. Principalmente quando esse consenso é fruto da necessidade mais ou menos imposta. Ora, chegados a este ponto, o consenso que o governo quis negociar com o PS foi tudo menos consensual. Reunir com alguém para tentar encontrar pontos de convergência, apresentando os seus argumentos sem direito a qualquer negociação, não é sério nem leal. Aliás, o governo, que ignorou o principal partido da oposição nos últimos 5 meses, só agora se sentiu na obrigação de o chamar para o consenso. A principal razão deste chamamento tardio diz respeito a uma vontade mais ou menos imposta pela troika, após o chumbo do TC. As outras razões são estritamente do domínio tático-político. Com a mais que aguardada recusa por parte do PS em participar na pseudo-refundação do Estado, que mais não é do que uma série de cortes à toa sem qualquer reforma estruturante, ainda por cima sem ceder um milímetro que seja, o governo prepara-se para acusar o PS de não ter querido participar no consenso, de não apresentar propostas, de fugir aos problemas e de não ser parte da solução. Exactamente tudo aquilo que os portugueses já perceberam relativamente à actuação do governo. Um governo que nem no seu próprio seio tem consenso, nem bom senso, e que comunga a tese da radical teimosia não pode gerar, nem quer, consensos.
A tudo isto não será estranho a ausência do país do pacificador e fazedor de consensos. Cavaco sabia que o governo ia chamar o PS para o consenso, sabia que vinha aí a troika, sabia, mas Cavaco só é consensual nos bastidores, onde ninguém o vê nem ouve, como o próprio gosta de auto-elogiar.
Sem o consenso, por culpa do PS, o governo será 'obrigado' a cortar' sozinho, abandonado. A farsa da vitimização e da chantagem de novo em cena...

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