quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O salva-vidas que espera pelo afogamento

O barulho... tanto ruído... todos falam e ninguém se entende, mas sobretudo o que espanta é que não haja acção. Cimeira após cimeira, conselho atrás de conselho, reunião depois de reunião e a Europa não consegue um salto de fé que a faça unir-se em volta de uma ideia que já foi muito boa. À falta de responsabilidade de uns junta-se a falta de solidariedade de outros, a magna carta social e democrática, de expansão e desenvolvimento foi substituída pela cartilha de intenções e destruidora de um estado social que ninguém está disposto a continuar a pagar. Ou está? Na Alemanha o estado social avança e aumenta sob a égide da austeridade. Se é verdade que são eles que pagam, também é verdade que são eles que beneficiam. E não se iludam, vão receber em juros, muito mais do que pagarão. Aí não corremos o risco que a torneira feche. O risco é que a situação se prolongue ao largo do Atlântico, em países com água pelos joelhos, sem esperança e amordaçados, esperando que a água não suba.
O que o OE de 2013 faz à economia em Portugal é virar o país dos avessos, de pernas para o ar, e onde a água chegava aos joelhos, chegará ao pescoço porque a cabeça está dentro de água. O afogamento é mais que previsível, menos para os salva-vidas embriagados de ideologias cegas, que olham do alto da cadeira, avaliando sem trégua, se o resultado  por eles estimado será um ou outro, ansiosos pelos amanhãs que hão-de vir, numa panaceia lenta e mortal, calculada sem qualquer visão estratégica por um qualquer Gaspar de serviço. A ansiedade de uma previsão que não chega, pode e deve afogar a vítima, que depois de morta não adianta salvar. Este OE é injusto, recessivo e de lesa-pátria, aumenta impostos de forma brutal e indiscriminada, acaba com o estado social ou assim pretende, elimina a classe média que sustenta o país, arrasa os trabalhadores, termina com as pequenas e médias empresas afogadas em IVA que também sustentam o país, a massa crítica que produz; e protege os 'boys' do costume, os gestores que ganham como sempre e os grandes interesses que roubam como nunca.
A ver vamos se o OE para 2013 não é inconstitucional... uma especialidade deste governo.

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