quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A-24 - SCUT do interior

SCUT - Auto-estrada sem custos para o utilizador visando a mobilidade rodoviária de acesso mais amplo e mais barato às regiões mais desfavorecidas.

O princípio é muito bonito, idealizado no governo de Guterres em 1997, permitia às populações mais desfavorecidas do interior, terem acesso a auto-estrada sem qualquer custo, custo esse que seria suportado pelo Estado, e necessariamente pelos contribuintes.
O Estado concessionava as auto-estradas, mediante o pagamento de uma portagem à empresa concessionária, e no caso das SCUT's mediante subvenções proporcionais.

Ora, como é sabido, o Alto Tâmega só em 2006/2007 teve acesso a tal privilégio, quando nas regiões de Lisboa e Porto já havia e continua a haver dezenas de SCUT's.
Onde estavam então os milhares de contribuintes do Alto Tâmega e seus respectivos autarcas que pagavam as SCUT's do Porto, de Lisboa e do Algarve? Como se aplicava o princípio das SCUT's se não havia SCUT? Onde estávamos todos quando nos tiraram as linhas ferroviárias? O acesso ao interior só pode ser feito por vias de betão?
Em 25 anos, desde Cavaco até Sócrates, Portugal tornou-se proporcionalmente no país europeu com maior rede de auto-estradas. E, ao mesmo tempo, com a menor rede de ferrovias.

O princípio universal do utilizador /pagador é justo? É, havendo vias alternativas de circulação...Acontece que, ao mesmo tempo que se construíam auto-estradas e se desactivavam ferrovias, deixavam-se ao abandono as estradas municipais e nacionais. Em muitos sítios as alternativas não são válidas. Se se pode conceber que a N2 é uma via alternativa de Chaves para Vila Real, o mesmo já não se pode dizer da alternativa Chaves-Porto.

E é exactamente da mesma maneira que nunca concordei com as SCUT's do litoral, porque os fundamentos que estão na base do seu princípio não se aplicavam, que agora coerentemente, tenho que concordar que quem utiliza tem que pagar. Ninguém utiliza um transporte público de borla.

Coisa diferente será discutir se é justo o preço que pagaremos na A-24. Não me parece, porque o princípio que está na génese das SCUT's deveria ter sido aplicado ao interior e não ao litoral, porque as SCUT's só chegaram até nós 20 anos depois das outras, porque só tivemos direito a SCUT durante 4 anos, porque é injusto em relação a outros concelhos e distritos.

Concordo que quem utiliza deve pagar, mas não a qualquer preço (0,08€ por Km é um roubo!). A culpa é nossa que andamos anos a fio a pagar SCUT's que nem sabíamos onde ficavam, assistindo impávidos e serenos ao desmantelar das nossas linhas férreas, com a esperança bacoca de uma auto-estrada que havia de vir, esquecendo-se que nem todo o transporte se faz de carro. É seguramente mais confortável, mas se se paga o comboio, também se deve pagar a auto-estrada. Não se queixem agora por pagar a nossa auto-estrada, quando andamos anos a pagar a dos 'outros'. De quem é a culpa? Procurem nas entrelinhas...

Post Scriptum - Amanhã, dia 24 de Fevereiro é votada na AR a petição pública sobre a Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega. Para quem estiver interessado remeto para o meu artigo de 28 de Outubro de 2010.

1 comentário:

yAWa disse...

Daaaaaaaaaaaaaaaaá-lhe Falâncio, Pá!!!!