quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A esperança joga ao dominó

A democracia é um sistema político assente nos ideais da Liberdade, da Justiça e da Igualdade, no sufrágio universal, no respeito pela individualidade, na separação de poderes e no poder soberano do Povo.

Podemos discutir se o sistema é perfeito...não, não é. Mas é o melhor encontrado em milénios de evolução humana. Pode ser melhorado, claro. Podemos alterar a Constituição, a organização, a forma e a maneira de votar e eleger os nossos representantes, mas os princípios são intocáveis.

Por estes dias assistimos ao efeito dominó na Tunísia e no Egipto, e em que verdade seja dita, a internet e as redes sociais tiveram um papel fundamental. Quem nunca conheceu outra coisa que não a ditadura, é levado a pensar que nada de novo existe além fronteiras, até lhe ser 'apresentado'. A internet globalizada e globalizante tem um papel fundamental hoje em dia na partilha de informação, principalmente em sítios onde até há bem pouco tempo essa informação não chegava, fruto de governos e ditaduras fechadas e balizadas na religião.
É hipocrisia não se fazer a associação entre as ditaduras alicerçadas na religião e o Mundo Árabe. Sem qualquer tipo de superiodade moral ou xenófoba, é seguro afirmar que os líderes religiosos e políticos árabes sempre se serviram da religião e do Alcorão para manter o poder em nome de Alá. Aliás, são ensinados desde muito novos a odiar o ocidente e tudo o que ele representa. O fundamentalismo islâmico é fruto da educação e da má interpretação do Alcorão, que apesar de nunca o ter lido, sei que se fundamenta nos mesmos princípios da nossa Bíblia (e esta já a li). Podemos não acreditar no que lá está, mas os princípios são bons (como se dizia no fim do filme 'Conan', 'mas essa já é outra história').

Chegados aqui, vi-me confrontado com as declarações de Benjamin Netanyahu, PM israelita, em que afirma estar preocupado que o fundamentalismo islâmico chegue ao poder nestes países com revoluções em curso (espera-se que o próximo seja a Líbia de Khadafi). Pois bem, devo dizer que o senhor Netanyahu, que tem um Ministro dos Negócios Estrangeiros de extrema direita, está é preocupado que a esses países chegue a democracia.
Pois, se Israel estiver rodeado de países democráticos, com certeza não vão aceitar colonatos e muros em territórios que não são israelitas. O Egipto não vai aceitar continuar a guardar o gueto de Gaza, ocupada ilegalmente com o beneplácito americano. Não podem continuar a aceitar o bombardeamento de civis e crianças, os checkpoints de pessoas só porque são árabes, sendo que nem todos os árabes são islâmicos.
Com democracias vizinhas Israel teria que negociar com países que verdadeiramente se começam a importar com os direitos humanos e especificamente com a sua violação na sua região. Muito seria diferente para um povo que não tinha pátria, foi perseguido durante milhares de anos e passou a ter um governo que sempre se habituou a viver na impunidade, perseguindo os fundamentalistas com o ódio dos radicais e extremistas.
Sem tiranos que chantageiam com o poder de Alá, que usam o fundo americano para se manterem calados e no poder, com a continuação do dominó democrático, e não á bomba como no Iraque e no Afeganistão, talvez um dia haja paz e uma nação israelita que reconheça o direito à vida da nação palestiniana. Talvez com a benção dos EUA. Talvez. Nunca a esperança foi tanta como agora.

Post Scriptum - Já agora, quem é o Carlos Castro?

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