sábado, 13 de outubro de 2012

D. José Policarpo é inconstitucional

D. José Policarpo é inconstitucional. Por duas razões: a primeira é que a nossa Constituição consagra o princípio do Estado laico, ou seja, o Estado não tem religião, nem se mistura política com esta.
Já sabemos que em Portugal a maioria católica nem quer saber de tal princípio. E é por isso que padres, bispos e cardeais se dão ao luxo de dar opiniões políticas, querendo com isso influenciar os súbditos leais e cegos de fé, acrescentando aquele discurso paternalista e condescendente de quem é iluminado pelo espírito santo, de quem por ser e parecer, parece que é mas não é. Cristo que foi Cristo não agradou a todos, mas também não me lembro de qualquer parábola ou passagem bíblica em que este tivesse discutido qualquer querela política, com toda a profundidade e insuspeita sabedoria que tal facto poderia ocasionar.
A segunda razão tem a ver com as próprias declarações do santo cardeal. Ao afirmar que "a democracia na rua corrompe a democracia" e "a democracia está na rua" e ainda "os problemas não se resolvem contestando, indo para grandes manifestações", D. José deu um pontapé na Constituição, no direito à manifestação, à opinião e à liberdade. Coisas de pouco interesse, que são só os pilares básicos de qualquer democracia.
No entanto, para quem está habituado a pastorar rebanhos, que baixam as orelhas quando ouvem a palavra de Deus, dizem Ámen a tudo, em uníssono, numa ladainha decorada do estilo de "O senhor é meu pastor" e "eu sou o cordeiro de Deus" que ouve e cala sem questionar nada, o cardeal José Policarpo 'Cerejeira' provavelmente sentir-se-ia bem melhor há 40 anos, em que era bem mais fácil a actividade de pastor.
Questionar Deus, a igreja, a religião e o governo são coisas do 'demo', de ovelhas negras que saíram do rebanho... afinal a democracia não começa no Povo, antes está nas instituições e nos homens que as guiam. Eleitos ou não...

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