quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Presidenciais 2011

Quem sempre achou que Sócrates se devia demitir, ou não se devia ter apresentado a eleições, por causa das suspeitas que sobre ele recaíram nos caso Freeport e PT/TVI, e mesmo assim votar em Cavaco Silva não é coerente e deve muito à honestidade intelectual.

Falo, das suspeitas que desta vez se abateram sobre Cavaco Silva, e quanto ao 'caso' SLN/BPN remeto para o meu último artigo, resumindo que um 'mísero' professor de economia devia ter desconfiado de um banco que lhe deu 150% de lucros em 2 anos...Ou então já percebo porque é que o país está na situação em que está, apesar de ter um Presidente da República que percebe ou não de economia, e que tanto nos avisou sobre o que aí vinha.
De resto, mais uma trapalhada veio à baila esta semana. O nosso PR, com a ajuda dos seus amigos da SLN e do BPN, fez uma escritura de permuta de uma casa no Algarve. Ora, essa permuta foi feita com uma empresa que era detida por que outra empresa? (ora adivinhem lá)... exactamente! Pela SLN! E Cavaco responde que na altura era um 'mísero professor de economia'. Já percebemos, era mau mesmo. De economia não percebe nada, como ficou visto no 'caso' das ações. Mas já não é admissível que Cavaco se esconda, e não se lembre onde e quando fez essa escritura, nem o que deu em troca na tal permuta. A não ser que se lhe descubram mais 20 casas e aí é desculpável que não se lembre. Já agora, o presidente da empresa que na altura foi a contraente com quem Cavaco fez o negócio da casa do Algarve é lá seu vizinho e pertence à sua comissão de honra. Curioso.
Noutro contexto, Cavaco diz que agora é que vai ter uma magistratura activa...digo eu, por contraste à nulidade passiva do primeiro mandato, do 'promulgo mas não concordo', das escutas em Belém, etc.
E Manuel Alegre? Apoiado pelo BE e pelo PS está preso na sua reconhecida independência, não pode elogiar, nem criticar o Governo, não ferindo as susceptibilidades de quem o apoia. E porque a ele ninguém o cala, fora quando devia estar calado (basicamente desde 2006), por isso a candidatura de Defensor Moura, que foi a lebre que estes partidos encontraram para legitimar o ataque a Cavaco, não dando Alegre o corpo às balas. Lembro que quem chamou à liça o BPN, foi Defensor. Quanto aos outros candidatos, Nobre é pífio, Francisco Lopes é cassete e Coelho é o palhaço de serviço. Têm apesar disso toda a legitimidade de se candidatar à PR. Como é óbvio.
Duas coisas esta campanha provou: o  pobre deserto de ideias, o nulo debate de programas e de respostas, numa eleição que de importante só representa a possibilidade de o novo PR vir ou não a dissolver a Assembleia da República. Provou também que Cavaco tem amigos pouco aconselháveis, tal como Sócrates, que Cavaco tem histórias mal contadas, tal como Sócrates, um queixa-se de campanha negra, o outro diz que ela é suja.
Assim vai o nosso país, dos polítiqueiros, dos 'boys', dos 13740 organismos públicos, dos quais só 1724 apresentam contas e 418 são fiscalizados.
Ainda assim, vou exercer o meu direito/dever de cidadania no próximo dia 23, votando à espera de um país mais Alegre.

3 comentários:

Rui Silva disse...

Olha uma cena, na imagem que usaste está representada uma urna de voto ou um caixote do lixo?
É que no estado em que isto anda já não dá para distinguir...
Hábraços

Marco Pereira disse...

Permito-me discordar um pouco da comparação entre o Nosso Ilustre PR e o Nosso Ilustre PM. Isto porque não me parece que as suspeitas que sobre um e outro recaem, devam ter a comparação com o sentido que me parece que lhes pretendes atribuir. Passo a explicar: o caso Freeport é de uma gravidade extrema, 12 numa escala de 0 a 10, com recebimentos de luvas, etc.
Já no caso SLN/BPN, não obstante serem graves as suspeições que justa ou injustamente se criaram, não fere em tão elevado grau a, chamemos-lhe minha sensibilidade para determinar o correcto e o incorrecto, o justo e o injusto, a vigarice, hipocrisia, a revolta pelo país que temos (e merecemos pelas escolhas que fazemos e plasmamos com o nosso voto, tantas e tantas vezes a pretexto de não existir ninguém melhor).
Mais, parece-me correcto afirmar que certos candidatos - que todos sabemos quais - enveredaram pelo caminho mais fácil, pela crítica imediata e tantas vezes mal explicada, pela criação de suspeitas, pelo desviar de atenções. Esse caminho não me parece o mais construtivo, em minha opinião é sempre preferível mostrar o caminho que pretendemos pregar, ao invés de vasculhar a vida pessoal do actual PR e de criticar o rumo que tem sido traçado pelos nossos políticos, acusando o PR e aparecendo ao lado daquele que mais responsabilidades tem, até por inerência do cargo que ocupa há tanto, talvez demasiado tempo, no actual panorama politico e social.
Com isto não pretendo dizer que não estranho o lucro de 150% na venda das acções. Vou até mais longe, seguindo um critério de experiência comum, houve naturalmente favorecimento, troca de informações, talvez não decorrentes do cargo que os "suspeitos" ocupam, mas eventualmente decorrentes do conhecimento e trato pessoal que os mesmos certamente têm. Tal é censurável, digno mesmo de uma investigação mais profunda, mas não comparável, segundo os meus padrões, às "tramóias" que todos lemos nos jornais aquando do caso Freeport.
Assim e em suma, compreendendo os argumentos que tão eloquente e brilhantemente - como sempre - esgrimiste no teu "post", mas não concordo com a introdução porque a gravidade das situações é por mim, e como já tive oportunidade de referir, ponderada de forma diferente.
Quanto à magistratura activa, o candidato presidente procurou, claro que na minha opinião, exercê-la durante o seu mandato. Todos vimos, por exemplo, as sucessivas denúncias que foram feitas pelo actual candidato a propósito da situação económica do país, quando o PM procurava claramente "pintar" um quadro que não espelhava fielmente ou sequer abstractamente o estado real deste país. Isso foi amplamente criticado e confesso que compreendi e subscrevi certas opiniões que consideravam que as sucessivas declarações do PR poderiam ter um impacto negativo na confiança dos investidores.
No entanto, não é a verdade que pretendemos e esperamos dos políticos? Não foi verdadeiro o que o candidato presidente a dada altura referiu a propósito da actual conjuntura?
E a propósito da magistratura de influência, não procurou o PR que o orçamento fosse aprovado alertando para a imperativa necessidade de consenso?
Não temos candidatos perfeitos, não vivemos num país perfeito, mas eu censuro quem opta pelo caminho da crítica e da denúncia ao invés da apresentação de concreta e efectiva de ideias e ideais.

Anónimo disse...

Meus caros colegas, mal vai o país, quando dois Ilustres como vós, se permitem dizer, um mais veladamente, diz:
-o PM com o caso Freeport até nem é grave, olhem-me mas é para o PR com o BPN;
E outro directamente, afirma: o caso Freeport é de uma gravidade extrema, o caso SLN/BPN, não ferem a minha sensibilidade!
Mas em que mundo nós vivemos!!!!
Toc Toc !!!!Está aí alguém????
Na verdade, são gravíssimas as duas situações, e apesar do principio In dubio pro reo, tenho que dizer, que tenho dúvidas, apesar dos arquivamentos.
Acredito, ao contrário de vós pelo que leio, que alguém que nos governa, que tem o destino do nosso país nas mãos, deveria ser uma pessoa ou conjunto de pessoas de tal elevação, honestidade e seriedade, que em momento algum se pudesse sequer criar a suspeita de ter as atitudes e comportamentos que são referidos nos Jornais e Telejornais todos os dias, acerca dos nossos governantes.