terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O candidato Presidente

É incontornável e não há como fugir ao tema. O caso BPN está a marcar a campanha para as Presidenciais  de 2011.

Como se sabe, o Banco Português de Negócios e o seu fundador Oliveira e Costa, são os clones numa escala e dimensão à portuguesa do Lemahn Brothers e do Madoff americanos. O resto é fácil de imaginar, investimentos com lucros garantidos a percentagens escandalosas, produtos tóxicos e casos de polícia. A única diferença foi que o nosso Governo nacionalizou o BPN, ao contrário do americano, mas ainda assim deixou cair o BPP. Poder-se-á discutir o mérito da decisão, pode-se discutir se não deveria ter nacionalizado também a SLN, sociedade anónima que detinha a maioria do capital do Banco, mas isso fica para outra ocasião, talvez quando Passos Coelho chegar a Primeiro Ministro e já governe como pretende lado a lado com o FMI e Paulo Portas. Aliás, imagino-o a salivar pela entrada do FMI em Portugal, preparando-se a queda do Governo com a ajuda da magistratura activa de Cavaco.
E por falar em Cavaco, o candidato Presidente viu-se confrontado por Defensor Moura, com uma venda de acções que detinha então na SLN. O candidato Presidente, que é político mas diz que não é, o impoluto economista que deu luz verde à nacionalização desse Banco, o autoproclamado arauto da honestidade e que nunca se molha debaixo de chuva, respondeu ao seu interlocutor com a frase "...para ser honesto como eu, tem que se nascer duas vezes". Ora, nesse campo improvável da biologia humana, só encontro Santana Lopes, que já nasceu quatro vezes e continua a andar por aí.
O candidato Presidente que acha que não deve explicações, questionado por Manuel Alegre, outro candidato, chutou para a frente e acusou a actual direcção do Banco de incompetência, esquecendo ou tentando fazer esquecer a anterior direcção criminosa dos seus amigos. 
Confrontado por Francisco Lopes, o candidato do PCP, remeteu para a sua declaração de IRS de então.
De que tem medo o candidato Presidente? Provavelmente não haveria aqui caso político se Cavaco nos brindasse com uma resposta, mas o Senhor Presidente, com a boca a rebentar de bolo rei não consegue responder. E como não responde e a honestidade não se proclama, pratica-se, dúvidas se levantam. Assim, quem o convenceu a investir na SLN? Oliveira e Costa, seu ex-Secretário de Estado, ou Dias Loureiro, seu ex-Ministro e Conselheiro? Porque é que remete para uma declaração de IRS que sabe que  não é pública nem tinha que ser entregue no TC porque nos anos de 2001 a 2003, a que se reportam os factos, Cavaco não exercia funções públicas? Porque comprou as acções a €1 quando outros compravam a mais? Porque remete para uma declaração de 2008 que nada explica?
Eis algumas respostas: o candidato Presidente, a convite dos seus amigos do SLN, investiu e ganhou. Ganhou à volta de €150.000,00 e a sua filha €200.000,00, com ganhos superiores a 75% ao ano. Quem deu ordem de venda dessas acções foi Oliveira e Costa, sabe-se agora. A declaração que fez em Novembro de 2008 diz que nada tinha a ver com o BPN, sabe-se agora que nos estava a atirar poeira para os olhos, não tinha que ver com o BPN, mas sim com a SLN, que controlava o BPN. Honesto?
O candidato da honestidade, acha que é superior a todos os políticos rasteiros e menores, mas se para alguma coisa serviu esta campanha, ela mostra que Cavaco não é o que ele diz que é. E é interessante ouvi-lo falar em campanha negra imaginando o quanto se deve ter rido quando calhou a Sócrates.
O assunto é sujo e o candidato Presidente desta vez molhou-se.

2 comentários:

Anónimo disse...

gostei. paraens pelo blog

Unknown disse...

hQuero ser um economista "SERIO".....