quinta-feira, 6 de novembro de 2014

A implosão da UE

Cameron quer recuar na livre circulação de pessoas na Europa. Merkel diz que é um "ponto de não retorno" para a saída do Reino Unido da UE e tem razão. Os recuos na integração vão continuar, como reacção dos poderes nacionais e resposta ao crescimento de movimentos nacionalistas e populistas contra o sistema. A falta de uma política comum solidária e uniforme de resposta à crise, de que o recém condecorado Durão Barroso é dos principais culpados, levará mais tarde ou mais cedo à implosão da UE. Basta ver a resposta dada à Rússia na recente crise ucraniana. Zero.
Na UE de hoje em dia, obedece quem deve, manda quem pode, e enquanto aqueles tentam sobreviver com as migalhas impostas pelos outros, os outros tentam capitalizar os medos internos enquanto engordam com os juros das políticas de austeridade alicerçadas em chavões falaciosos repetidos vezes sem conta. Assim se curvou Passos Coelho por cá.
Eu sei porque é que Merkel diz que Portugal tem licenciados a mais. Porque o tiro lhe fez ricochete no traseiro. A política de austeridade que impôs na UE levou à emigração de milhares de portugueses, e muitos deles para a Alemanha. O que Merkel está a dizer não é muito diferente do que disse Cameron. Estão os dois a dizer: "nós não queremos os vossos licenciados a tirar emprego aos nossos cidadãos". Além de ser um argumento que viola os princípios da UE, não corresponde à verdade. Se é verdade que em Portugal esta é a geração mais qualificada de sempre, também é verdade que o ratio de licenciados/população ainda é inferior à média da UE.
Mas os anseios e receios internos ditam outro tipo de respostas que não se coadunam com a integração europeia. Sou um europeísta federalista cada vez mais céptico.

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