segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O assalto dos idiotas

Cresce um novo populismo na Europa e em Portugal. Hollande foi eleito nessa esteira, prometendo romper com o status quo maioritário. O seu exemplo de expectativas defraudadas e total fracasso na execução devia fazer pensar quem se alvitra numa lógica de mudança. Falar claro e para o povo não implica necessariamente ser populista ou demagógico. Marinho e Pinto fala claro e para o povo, mas as suas tiradas idiotas não conseguem esconder a sede do pote.
Noutra linha, Seguro tentou o mesmo com a sua proposta de revisão da lei eleitoral. Limitando-se a reduzir o número de deputados não consegue explicar mais nada que não seja a mudança da representatividade na lógica do deputado vizinho que supostamente temos obrigação de conhecer, com as nefastas consequências que se conhecem para os partidos mais pequenos. Para além das incompatibilidades: o facto de quase um terço da bancada socialista na AR ser advogado ou jurista, proporção igual ao total de deputados, logo determinou a sua não inclusão na proposta. A proposta apresentada agora em plena campanha das primárias é o indisfarçável sinal do desespero eleitoralista. Após três anos de auto-anulação, qual é a pressa agora?
Também Passos Coelho foi eleito nessa espiral demagógica. As suas promessas de campanha, misturadas com a ardil cilada ao governo socialista e o tiro ao Sócrates, proporcionaram um escalar demagógico de assalto ao poder. Portas é o exemplo máximo do populismo de feira. E assim lá chegaram. O que se passou depois é conhecido. Os extremos costumam crescer em tempos difíceis. As pessoas agarram-se a qualquer coisa que lhes dê esperança e os populistas grassam nesse campo. A história está cheia de exemplos. Responsabilidade e bom senso são por estes dias valores em franco retrocesso. Os expedientes contorcionistas de poder são até capazes de contornar uma qualquer constituição ou estatutos. Todo o cuidado é pouco, quando um qualquer idiota tem palco para dizer o que o povo mal tratado quer ouvir...

Sem comentários: