quinta-feira, 10 de outubro de 2013

CHEGA!

Após ouvir Passos Coelho congratulo-me com o facto de a RTP ter abdicado de transmitir a entrevista em plena campanha eleitoral para as eleições autárquicas. Passo a explicar. É que o formato do programa permitiu ao primeiro Ministro fugir a quase todas as questões, dando até a imagem de alguma empatia com o público, e abdicando de qualquer comentário quando confrontado com as suas próprias incongruências, nomeadamente no que concerne ás falsas promessas que o levaram ao poder. Deu até para Passos Coelho se arvorar em salvador da pátria, dizendo que se a sua missão falhar, falha o país. Como se o país se resumisse nele. O tom paternalista do líder que responde aos súbditos sem direito a contraponto favorecem a dimensão demagógica de quem diz aquilo que quer dizer.
Resumindo, o programa é interessante, mas não serve para confrontar o primeiro Ministro com a real repercussão da sua política de terra queimada. Serviu ainda assim para o ouvirmos dizer quase entrelinhas que haverá um segundo orçamento rectificativo e que o empobrecimento dos portugueses é para continuar. A sério? E a classe média é que paga? A sério? E a banca? E a Madeira e os b(r)oches? Por falar nisso, há um novo mito urbano que diz que os alemães pagam as dívidas dos outros e tal e tal. Os alemães não pagam nada! Emprestam dinheiro, que lhes será devolvido com juros, e aproveitam a austeridade que impõem e defendem para se financiar a custo zero e até com juros negativos!!!
Assim, nesta esteira, ninguém confrontou Passos Coelho, com os cortes de pensões e salários, que sinceramente, já nem sei onde são e qual a sua dimensão. Mais de 600 euros, 10%, 5%, líquido, bruto, de sobrevivência, de viuvez, salários ou reformas. O guião que Portas prepara há 7 meses e que nunca sairá das 3 páginas escritas do seu bloco de notas vai agora ser aplicado no próximo Orçamento, e que cujos contornos só serão conhecidos na totalidade para a semana. Entretanto, as notícias vão saindo a conta-gotas sem qualquer explicação razoável e sem se saber ao certo as suas implicações e motivações. Num estrebucho de abano de consciências tentam tapar-nos os olhos com o corte de 15% nas subvenções vitalícias de ex-políticos. A título de exemplo, para quem recebe 600 euros e sofre um corte de 60 euros faz mossa. Para quem recebe 5000 euros e sofre um corte de 750 euros  fica com uns míseros 4250 euros para 'sobreviver'. Depois temos, as inconstitucionalidades do costume, carreiras e descontos contributivos, sobrevivência, pensões e desigualdades.
Assim sendo, e enquanto esperamos pelos cortes nas valências dos tribunais do interior, aguardam-se com expectativa o fecho de estações dos CTT com a sua privatização e o fecho de repartições de finanças. Aproveito para informar que a medida de encerrar repartições de finanças consta do memorando assinado com a troika que prevê um corte de 50%. Mas a forma como se aplica é da responsabilidade do governo. Assim, encerrarão 3 repartições de finanças na área metropolitana de Lisboa e 70% no distrito de Vila Real. Igualdade, proporcionalidade, descentralização e desconcentração. Muito obrigado... Mais uma vez lamento que as novas medidas não fossem conhecidas antes das eleições autárquicas. Já sei que nas autárquicas se vota nas pessoas e no poder local, mas se não houvesse repercussão nacional, o PSD não teria a pior votação de sempre em eleições autárquicas e o PS não teria a melhor de sempre. Facto.
Aproxima-se o dia da manifestação na ponte 25 de Abril, e se chegar a efectivar-se pondero estar presente e apelarei à DESOBEDIÊNCIA CIVIL!!! É um direito previsto na Constituição! Estou disposto a discutir a sua aplicação em tribunal como arguido...

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