quarta-feira, 1 de maio de 2013

Swap de 1º de Maio

Os Credit Default Swaps estiveram na base da queda e falência do Lehman Brothers e da seguradora AIG. Os derivados tóxicos eram uma espécie de aposta de casino, cobertos por seguros contra a sua própria aposta. O investidor estava garantido, quer tivesse apostado na descida dos juros, quer tivesse apostado na sua subida. A AIG foi à falência por deter milhões de derivados do Lehman Brothers, cuja liquidez não era suficiente para cobrir as perdas depois de descoberto o golpe. A história é conhecida e está documentada, crise do subprime, colapso do sistema financeiro e crise das dívidas soberanas. Só ainda ninguém assumiu a paternidade desta crise. Nunca ninguém admitiu ter acreditado e abusado da mão invisível e das propriedades autoregulatórias do mercado. Ainda está por denunciar (poucos) a deriva neoliberal do capitalismo, responsável pela maior crise dos últimos 100 anos. Talvez por serem os mesmos que nos apontam o caminho para sair dela, austeridade, desemprego, pobreza e recessão, controlando os custos e lucrando de outra forma, à custa do contribuinte. A ditadura do mercado diz que só as melhores empresas sobreviverão, mas essas, por incrível que pareça, são as que o Estado protege com contratos milionários e lesivos dos seus próprios interesses, quer seja com PPP's, quer seja com rendas usurárias. O que importa é que os prémios de gestão continuem a ser pagos. Se falarmos em banca, então estamos conversados...
Mas, descobre-se agora que os gestores portuguesinhos não andavam assim tão distraídos e também eram conhecedores das novidades. Afinal, a Metro do Porto, a Metro de Lisboa, CP, Carris, Refer e afins, fizeram contratos de permutas (swaps) que se estima no valor de três mil milhões de euros que o país pode perder se os bancos estrangeiros que venderam as permutas decidirem executar os contratos. Portugal é um poço sem fundo de surpresas e não só. Gestores que foram secretários de Estado deste governo, uma outra é tão só a secretária de Estado do Tesouro e foi directora financeira da Refer entre 2001 e 2007, responsável por inúmeros desses contratos. Espera-se que não tenha feito o mesmo no governo. Percebe-se agora o porquê de já terem sido 'remodelados' 16! secretários de Estado. Mas daí não vem mal ao mundo, afinal a culpa é do Sócrates, ainda que estes gestores-secretários de Estado não soubessem de nada nos dois anos que estiveram no governo. Percebe-se a linha ideológica que está na base da sua seleção e da proteção a que Gaspar não é alheio. O ministro que "não foi eleito coisíssima nenhuma". A amnésia pós entrada no governo é para todos.
Lembrem-se disto quando se disser que as empresas de transportes públicos não são viáveis, que a decisão do Tribunal Constitucional custou mil e duzentos milhões de euros, que temos de cortar quatro mil milhões no Estado social (saúde, educação, segurança social, etc.), ou quando o governo  injetar três mil milhões na economia porque ainda tem um banco que para já não foi privatizado e permite fazê-lo. É esse valor que Portugal se arrisca a perder sem que ninguém tenha dado por nada. A crise continua órfã, mas tem muitos filhos da puta, impunes, e com a factura nas mãos ensanguentadas para os do costume pagarem.
Uma bela prenda para todos os trabalhadores neste 1º de Maio que qualquer dia será o dia do Desempregado por não haver trabalhadores. E a quem já nem o feriado reconhecerão, a não ser numas promoções num qualquer supermercado.

P.S.- Os professores estão assim tão bem que já ninguém os vê em lado nenhum? Ou a luta era só contra a avaliação? Ou era só contra a Lurdes e o Sócrates? Ou a avaliação agora é só para inglês ver? Habituei-me a vê-los aos milhares e agora que estão todos ou vão todos para o desemprego parece que emigraram? Será?

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