quarta-feira, 18 de julho de 2012

Relvas 'Gate'

Em nome da coerência e do bom senso, necessário se torna tecer algumas considerações sobre o badalado 'Relvas Gate'.
Mário Soares disse que a maioria do povo português quer um novo governo... À luz das últimas sondagens tenho algumas dúvidas, para já...
Marcelo Rebelo de Sousa disse que a manifestação a favor da demissão de Relvas era ridícula... Concordo, afinal de contas também lá estava a Manuela Moura Guedes, e isso diz tudo acerca da qualidade da manif...
D. Januário, bispo das forças armadas disse que este governo era corrupto... Discordo, até ver não há indícios disso, no limite será apenas um ministro...

Dito isto, e porque a memória em Portugal é curta, lembro apenas que a situação do sr. ministro Relvas não é comparável à de Sócrates. A saber, Sócrates fez todos os exames do curso; terá havido favorecimento para completar as 4 cadeiras que lhe faltavam na Independente?, admito que sim, mas já tinha o bacharelato com 28 cadeiras feitas. E não, se houve favorecimento, como tudo indica e em abono da verdade, não é desculpável... O caso de Relvas é muito pior, e é como um murro no estômago de quem se arvorou em pedagogo da transparência, em que o alvo e o exemplo de todo o mal se concentrava na figura de Sócrates. A esses, Relvas, sem quaisquer estudos, ensinou que a vida é sempre mais complicada, e que quem tem telhados de vidro, deve fazer política com sentido democrático, sem bodes expiatórios e artimanhas de bastidores, porque um dia o céu cai-lhes em cima da cabeça... Sócrates ao pé de Relvas é um menino, no que a licenciaturas diz respeito... a saber:
Relvas fez 1! cadeira de Direito Constitucional, e obteve equivalência às 32! do curso de Ciência Política na Lusófona. Um percurso de vida brilhante garantiram-lhe o aplauso geral e a vénia académica. E se analisarmos esse percurso de vida, para além de deputado, envolvido nas já esquecidas 'viagens fantasma', todo o seu percurso foi feito na Jota, e por isso foi deputado, onde angariou conhecimentos e influências, que lhe permitiram ser 'consultor' e não mais que isso, em algumas empresas de irreconhecíveis méritos, nos intervalos da sua vida parlamentar. Teve uma passagem fugaz como secretário de estado no governo de Durão Barroso, onde em 2002 inaugurou os serviços técnicos da autarquia de Murça, já devidamente identificado como dr., quando a sua 'licenciatura' é de 2007! A placa por lá perdura...

A ânsia de reconhecimento, de poder, de notoriedade fazem de Relvas um exemplo do país de chico-espertos que por aí pululam, agora cada vez mais, drs. chico-espertos. Saltando de cadeira em cadeira, denegrindo a imagem de quem quer ser sério, fazendo da educação um meio de favor de grau académico, minimizando e ridicularizando o esforço de tantos, desempregados licenciados ou a ganhar o salário mínimo, ou então de outros emigrados/exilados à força, porque o seu país não lhes reconhece o esforço e a capacidade, em lugares ocupados por lambe-botas engravatados, sem pudor nem princípios, e menos ainda mérito...

Este caso ajuda também a perceber em que estado se encontra o nosso ensino superior, concretamente, o privado. O ministro da educação, após um silêncio ensurdecedor, lá veio a muito contra-gosto instaurar um processo de inquérito à Lusófona, para inglês ver...

Concluindo: o sr. ministro Relvas devia demitir-se? Somando o caso da licenciatura, ao das pressões no caso Público e ao das secretas... hummm... se calhar o governo agradecia...

1 comentário:

João Almeida disse...

Não compreendo a comparação ao Sócrates, que é aliás geral. Um mal não se desculpa com outro mal. Um mal é um mal. O assunto Relvas é um mal muito grave. É talvez, para mim, a demonstração de que um dos grandes males de Portugal não é financeiro, nem económico. Um dos grandes males do país é a desonestidade.