quarta-feira, 11 de julho de 2012

O bosão de Higgs

Não, não vou ter a pretensão de dissertar sobre física quântica. Sou um verdadeiro leigo na matéria. Mas como qualquer mortal questiono-me sobre as mais diferentes vicissitudes do ser humano e do mundo que o rodeia. Não, também não sou filósofo. Sou curioso... Partículas e átomos passam-me ao lado, literalmente.
Quem me conhece sabe que sou ateu 'quase' convicto. E a relação desse quase, relacionado com o bosão de Higgs é uma mera coincidência, ou talvez não.
A saber, a ciência tenta explicar a evolução, a criação, e o modo e a essência de que somos feitos, a matéria do universo, as leis e teorias que fazem com que estejamos aqui, e ter consciência do 'eu', a nossa relação com os outros e a nossa relação com o universo. Diz-se que só se conhece 4% do universo... o resto fomos descobrindo.
O bosão de Higgs, a 'partícula de Deus', mal traduzida de um livro, que no original era a 'partícula maldita', tenta explicar a origem do universo, o 'big bang', ou melhor, abre caminho para novas perguntas. É certo que Galileu abriu o caminho para a ciência moderna, e ao contrário do que se possa pensar, era um cristão assumido. Darwin teorizou a evolução humana, sabendo-se hoje que foi esse o caminho. Sabemos também que a religião demora a adaptar-se às evoluções humanas, numa tradição antiga de poder, que se esfuma ao virar de cada década. Tenta explicar tudo através de uma abordagem diferente, numa época em que a tecnologia não conseguia dar resposta aos anseios humanos, principalmente nas trevas da Idade Média. Parábolas e interpretações mitológicas, metáforas e crenças não empíricas, assim se constrói uma religião, e uma igreja de homem para homem. 
A curiosidade humana é tão vasta quanto a sua ambição, tão ambígua quanto a sua capacidade de percepção e de mente desafiada. O cérebro humano é tão desconhecido quanto o universo, e a sua definição é hoje também uma ciência oculta, tal qual a matéria negra que dizem ser preenchido o universo.
A ciência explica como se forma o céu, a religião diz como lá se pode chegar. Uma e outra não são incompatíveis, como já foram. Eu simplesmente gosto de acreditar que 2+2 são 4 e não que serei imortal no paraíso se me portar bem...
Tal como a religião não consegue dar respostas credíveis, palpáveis, coerentes e lógicas, desmentidas que são as suas todos os anos, também a ciência não consegue ainda explicar a alma humana, essa vontade insaciável do saber, o porquê de nos apaixonarmos, de nos emocionarmos com uma música que nos arrepia, que nos faz recordar, que nos faz sentir tristes ou alegres, a sensação de medo, o pavor da perda, o temor do desconhecido, a sensação de calor ao olhar para uma filha - com desculpa à mãe! - que é a nossa cara chapada, a ansiedade do regresso, a saudade e a felicidade suprema da realização pessoal, o ódio e a mentira, a inveja e a amizade, o prazer e o amor...
O bosão de Higgs pode ser que consiga no futuro levar ao caminho de saber como tudo começou, mas não saberá explicar o que havia antes de começar, onde é o inicio e porquê, o que estava antes do 'big bang', e certamente não explicará a essência da alma e do ser humano.
Por tudo isto sou um ateu 'quase' convicto... a dúvida é o inicio de todas as perguntas...

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