segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ninguém leva a mal?

Passos Coelho informou os portugueses, de uma maneira muito informal, em conversa com jornalistas e à saída de um sítio qualquer, que este ano não haveria tolerância de ponto no Carnaval. Ora, ponto prévio, para quem se prepara para eliminar feriados históricos, e se quer manter um mínimo de coerência, só podia anunciar tal decisão. Não é por aí. Por isso vamos a contas, porque acho que o governo não as faz...
Segundo Luís Bento, hoje no 'Público', cada paragem, seja feriado, ponte ou tolerância de ponto, custa ao país uma média de 37 milhões de euros, e que no total anual andará à volta dos 800 milhões de euros. Por sua vez, a Confederação do Turismo Português afirma que só o turismo religioso é responsável por receitas na ordem dos 700 milhões de euros anuais. Não estão aqui contabilizadas as receitas das mini-férias que muitos portugueses aproveitam para gozar. E as receitas em ocupação hoteleira que este ano sofrerá uma queda a rondar os 20%, também por causa do corte nos feriados e afins. E também não se contabilizam as receitas do comércio a retalho ou na restauração. E se falarmos de Carnaval, então os números disparam. Por isso, o impacto da decisão será quase nulo. É o resultado do folhetim propagandista dos feriados. Alguém se deu ao trabalho de contabilizar qual o impacto real na economia do Carnaval e outros feriados? A resposta é nim. Só se contabilizaram as possíveis perdas. E isso não é fazer contas a sério. Não confundo, todavia, produtividade e turismo ou comércio. Mas, não fará tudo parte da mesma economia? Em tempos de austeridade e de baixo consumo, não será tudo, um tanto ou quanto exagerado?
E as famigeradas SCUT??? Após a introdução de portagens, e principalmente antes, alguém fez realmente as contas? Alguém contabilizou ou previu a diminuição brutal de tráfego? Alguém contabilizou o impacto nos custos operacionais das empresas? Alguém se deu ao trabalho de prever uma possível discriminação positiva entre o poder de compra do litoral e o do interior? Faz sentido a A-24 ser a mais cara auto-estrada do país por km? As portagens pagam 10% dos custos das auto-estradas. 10%!
Já nem é uma questão de contas, é mesmo cegueira. É desonestidade. É esbulho. Custe o que custar...

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