terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Os bastidores do poder

Portugal demora quase tanto tempo como a Igreja Católica a adaptar-se e a encarar a verdade. Assim como aconteceu com a crise internacional que não existia no tempo de Sócrates, agora e após vários escândalos de incompatibilidades, tráfico de influências, negociatas e favores, com as secretas e a maçonaria à mistura, parece que se começa a abrir a pestana. Só para citar alguns nomes, lembram-se de Branquinho?, ex-deputado do PSD,  que durante um inquérito parlamentar perguntou "o que é a Ongoing?", antes de ingressar nos quadros da Ongoing Brasil; e Bernardo Bairrão, afastado à última hora da lista de Secretários de Estado do novo governo, porque era administrador-executivo da TVI e era contra a privatização da RTP, a mesma que a Ongoing era a principal interessada na sua aquisição; Silva Carvalho, ex-director do SIED, com o célebre caso de espionagem e contra-informação para a Ongoing, membro da loja Mozart maçónica; e agora Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, membro da mesma loja maçónica, que era suposto  investigar as secretas num inquérito parlamentar, e que cujo relatório a essa mesma investigação foi alvo de uma pequena emenda de modo a esconder as relações entre essa loja maçónica, alguns dirigentes do PSD, as secretas e a Ongoing...
Não conheço o que é a maçonaria, não conheço os seus meandros e objectivos. Só não percebo o carácter obscuro, e que ninguém diga que é o mesmo que ser sócio de um qualquer clube. Compreendo que nem todos os seus membros sejam carreiristas ou negociantes, tal como na Opus Dei e outras organizações mais ou menos secretas. Não defendo que quem o seja tenha que o anunciar, ou a sua ilegalização, ou a sua perseguição e diabolização porque são secretas ou discretas, o direito de associação é garantia Constitucional desde que os seus fins não sejam ilegais, mas  no caso desta loja Mozart, é caso para perguntar onde é que reside afinal o verdadeiro poder. Na Assembleia da República, nas reuniões de avental das lojas maçónicas criadas para tomar conta do Estado, ou nos corredores da sede da Ongoing? A resposta estará algures em cada em uma delas. A instrumentalização, as influências, o favores de vão de escada é que mandam às malvas o mérito e a competência, em corredores sinistros de empresas que visam o lucro através da informação e do poder político. O perigo para a democracia está nestes golpes palacianos e nos seus bastidores. As nomeações para a EDP também não foram inocentes, pasmem-se com os nomes!, tendo o seu apogeu na nomeação de Catroga que negociou ele próprio com a Troika a privatização da empresa. Tudo ao invés do prometido, num governo que se arrisca a ser o pior de sempre. Que saudades do Freeport (ainda acham que foi inocente a perseguição da TVI a Sócrates? Ou a ida de José Eduardo Moniz, então director, marido de Manuela Moura Guedes para a Ongoing?) e das licenciaturas Independentes, porque o verdadeiro assalto ao Estado está agora em andamento. Uma lição para alguns, uma preocupação que deve ser de todos. É urgente que se diga sem medo, que a democracia está a ser substituída por uma coisa que ainda não sabemos bem o que é. Aqui como na Europa e no mundo. E não é para melhor pelo caminho que isto leva...

P.S. - Uma boa notícia esta semana. Bruxelas vai limitar o direito de voto na REN, no caso de ser uma empresa chinesa a comprá-la. A UE ainda serve.

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