quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A diplomacia cobarde da Palestina

A história dos dias é muito comprida, mas vou tentar resumir em poucas linhas séculos de história, com todas as óbvias imprecisões que daí possam resultar.
As raízes do conflito Israelo-Palestino remontam aos fins do século XIX quando colonos judeus começaram a migrar para a região da Palestina. Sendo os judeus um dos povos do mundo que não tinham um Estado próprio, tendo sempre sofrido por isso várias perseguições, puseram em marcha o projecto sionista - cujo objectivo era refundar na Palestina um estado judeu onde antigamente ficava o reino de Israel, conquistado pelo império Otomano. Entretanto, a Palestina já era habitada há séculos por uma maioria árabe. Com a chegada dos judeus, as tensões começaram a surgir. Após vários Acordos e Conferências, em 1922 a Liga das Nações atribuiu a soberania da região ao Reino Unido, que, por sua vez em 1947, não sabendo e não querendo resolver o conflito que continuava latente com massacres e atentados dos dois lados, abandonou a região.
Em 1947, a recém criada ONU, através da resolução 181, propôs a criação de dois Estados independentes na Palestina. Em 1948, a Agência Judaica proclamou a independência de Israel. Nesse mesmo ano, a Síria, o Egipto, o Iraque, a Jordânia e o Líbano invadem a Palestina, com o argumento de que as populações são na sua maioria árabes e que o Estado de Israel é ilegal, assim como a resolução da ONU. Com o fim da luta armada, Israel passa a controlar metade da Palestina, a Jordânia controla a Cisjordânia e a Faixa de Gaza é controlada pelo Egipto. Até 1967... em seis dias, (daí a Guerra dos Seis Dias) Israel invade a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, os Montes Golã e Jerusalém oriental, alargando e reocupando esses territórios, resultando daí milhares de refugiados. Nasce então a OLP (Organização para a Libertação da Palestina), todos se lembram de Arafat e da Autoridade Palestiniana, das intifadas, das resoluções da ONU constantemente violadas por Israel, de Rabin, Netanyahu  e Sharon e dos inúmeros acordos e negociações de paz, falhados.
Na semana passada, a Fatah reclamou nas Nações Unidas um Estado para a Palestina. Só que para isso ser solução precisa de um Governo legítimo e legitimado nas urnas, tribunais independentes e imprensa livre. A Fatah e o Hamas estarão em condições de o garantir? Duvido. Israel tem direito à sua defesa e segurança? Tem. Mas o sistema de defesa de Israel, assente na colonização da Faixa de Gaza e da Cisjordânia não facilita o processo.
Portugal foi eleito para o Conselho de Segurança da ONU, eleito em grande parte pelos países árabes e com o voto contra de Israel. Quisemos lá estar para podermos ter influência e voto na matéria, certo? Portas e Passos Coelho disseram nim ao processo. Ou seja, Estado da Palestina sim, desde que negociado com Israel, ou seja nas condições que eles impuserem. Os americanos assim o disseram, os cordeiros vão atrás. Israel impõe mais uns quantos colonatos, e já têm base para negociações por mais 40 anos. O único Estado palestino que Israel reconhecerá será um território de 50 Km2, na faixa de Gaza, rodeado por um muro de 30 metros de altura e cercado por canhões. Se a Palestina não tem direito a Estado na sua própria terra são o quê? Apátridas? Obama recuou, e com ele toda a margem de negociação ficou limitada à vontade de Israel. Os EUA continuam a ter uma visão mercantilista do conflito, apoiando Israel no controlo do Médio Oriente e claro do petróleo que lhe está subjacente. O lóbi pró judaico-americano continua também a ditar regras sobre todos os presidentes norte-americanos, e ainda não houve nenhum que não se acobardasse. As generosas contribuições dos judeus nas campanhas eleitorais americanas assim o ditam. Judeus e cristãos fanáticos que acreditam que Israel é a linha da frente do combate contra o Islão. A UE continua a não ter uma voz única e influente, distraída com as tiradas económico-colonialistas de Merkel. Se acha que Estados europeus deviam perder soberania, muito menos aceitará atribui-la à Palestina. A nova Alemanha com vícios antigos...
A resolução do conflito só se fará quando os EUA quiserem, ou quando a UE tiver voz respeitada e influente. Com dois Estados independentes na região. Não será no meu tempo...



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