DESPERTARES 'Abril Hoje'
"Só há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora."
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
quinta-feira, 24 de março de 2022
sexta-feira, 14 de maio de 2021
PRR
A crise social e económica decorrente da pandemia que enfrentamos como comunidade (uns mais que outros), coloca-nos perante desafios e incógnitas tremendas.
Se numa primeira fase as dúvidas se
colocavam fundamentalmente em relação aos imprevisíveis efeitos da crise e ao
período em que teríamos de conviver com a crise pandémica, hoje as dúvidas que
se colocam centram-se particularmente na duração do período de recuperação
económica que enfrentaremos, bem como na definição dos adequados mecanismos
para a alcançar.
A natureza mundial desta crise conduziu
à aprovação por parte da União Europeia de um orçamento e de instrumentos sem
precedentes para a enfrentar, numa comunhão oposta à crise existencial que parecia ameaçar o projeto europeu.
Ao contrário do que sucedeu em crises
anteriores, as instituições europeias agiram rapidamente, libertando, num
primeiro momento, os constrangimentos relativos aos limites orçamentais dos
Estados, e, por outro, através do Banco Central Europeu, garantiu o
financiamento monetário necessário às economias do espaço europeu. Num segundo
momento, o Eurogrupo alcançou um acordo que permitirá a Portugal, entre o Fundo
de Recuperação criado para o efeito e o Quadro Financeiro Plurianual, receber
cerca de 45 mil milhões de euros a fundo perdido a executar até 2026, podendo
ainda recorrer a empréstimos no valor de 10,8 mil milhões de euros do Fundo de
Recuperação e Resiliência.
A questão que se colocará a Portugal
não é, uma vez mais, a falta de instrumentos financeiros para combater o
momento que enfrentamos, mas antes a nossa capacidade como comunidade de
construirmos uma visão, um plano estratégico e um eficiente plano de execução
desses instrumentos, tais como a requalificação da mão de obra, a capitalização
das empresas portuguesas, garantir rendimentos às famílias, aumentar a
produtividade, construir um sistema fiscal competitivo no quadro internacional
para as empresas e cidadãos e combater o excesso de dependência da nossa
economia de dois ou três setores.
O governo tem apostado de forma
decisiva em alguns desses setores, inquestionavelmente, muito haverá ainda a
fazer.
O combate às desigualdades económicas
e sociais crescentes em Portugal também se faz apostando em setores
estratégicos do país e que tão bons resultados vinham dando em Portugal. O
turismo é um desses setores, e a aposta na TAP é fundamental, como foi quando
se reverteu a sua privatização (feita à socapa e em período de transição de
governo) em 2015. Ou não fosse a TAP a empresa que mais exporta em Portugal. Dá
prejuízo dirão… contabilizem os milhões de passageiros e turistas que traz ou
trazia para Portugal, façam uma média de quanto cada um gasta, e depois façam
as contas… tenho para mim que uma empresa e um setor estratégico nacional não
tem necessariamente que dar lucro.
Também já se percebeu que muita gente
(muito longe de ser maioria) não gosta do PS, e principalmente de António Costa,
pela ousadia de alargar o arco da governação à sua esquerda, e quiçá ser responsável
pelo emergir da extrema direita populista, com o consequente eclipsar do CDS, que
por sua vez ganhou uma recente tábua de salvação, numa estranha coligação com o
PSD. Com que custos para ambos? Veremos. Nesta conjuntura não se gosta da
ministra da Saúde nem da diretora da DGS, não gostam de Cabrita nem de Pedro
Nuno Santos. Não se gosta do governo, nem da DGS, nem de nada, ponto. Para eles,
façam o que fizerem, ou fazem mal, ou fazem tarde, ou não vão fazer bem… Algumas
dessas pessoas vivem numa imensa orfandade política (a ausência do desejado Passos
Coelho), ou porque estão insatisfeitas com as lideranças fracas existentes que
não chegam a ser alternativa, ou porque Marcelo não lhes trouxe a oposição que nunca
poderia ser. Em face da crise gravíssima como a que hoje atravessamos, essas
pessoas acabam por ter alguma confiança na experiência e na capacidade de
António Costa, mesmo com avanços e recuos, porque ninguém acredita que um governo
Rio-Chicão estaria melhor dotado para enfrentar os desafios da pandemia em
Portugal.
Também já percebemos, e já aqui o
escrevi, que o Plano de Recuperação e Resiliência não chegará ao interior do
país como devia, pelo menos para já. Cabe às autarquias descalçar a bota.
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
E porque não com gás?
Comprei e li alguns livros de José Rodrigues Santos, confesso. Três. A escrita ligeira e fluída é fácil de ler, principalmente para quem não tem tempo. Ao estilo de Dan Brown, mas em pior. Muito pior. Porque aos inúmeros compêndios de plágios falhados a Dan Brown, consegue juntar uns toques de concorrente de big brother, se a Cristina Ferreira fosse participante e resolvesse escrever um livro aos berros. Acrescente-se uma pitada de alguma investigação sobre um tema mais ou menos polémico/interessante e temos uma mescla explosiva para um 'best seller'.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Maradona
O mais genial de todos os tempos. O génio que mais me fez gostar de futebol... com quem aprendi a gostar de futebol, foi hoje sentar-se ao lado dos deuses. A fantasia e o sonho de um puto poder jogar como ele. A felicidade de o ver a dar toques numa bola. A alegria de o ver jogar com a alegria com que jogava. Tenho na memória uma infância/adolescência feliz, também por causa dele. E se me lembro! Que privilégio poder dizer que o vi jogar. Quando se perdem referências, perde-se um pouco de nós, e aquele Maradona foi um pouco de mim e de nós, os que gostam de futebol e não só. E de repente lembro-me de quem via esses jogos comigo. Do meu avô, do meu padrinho e do meu pai. Desses jogos e dessa magia. Lembro-me do Maradona, e de outros, mas sempre do Maradona. 'O futebol é a coisa mais importante dentro daquelas que menos interessam.' Arrigo Sacchi.
Dizem que ninguém ganha jogos sozinho, mas Maradona esteve perto disso. A mão de Deus seguida do golo de todos os golos. O golo do século, dos mundiais, de uma geração. O pé esquerdo de Deus.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Lava mais branco
O branqueamento do fascismo está
em curso. Pior do que isso, é feito por pessoas que não são fascistas, mas que
por mero assalto ao poder ou revanchismo ideológico são capazes de normalizar
partidos como o Chega.
Há sempre um 'mas'. O que ele
disse (Ventura bem entendido), até é racista ou xenófobo, mas... será mesmo
necessário facilitar assim tanto? Semana após semana, assiste-se à legitimação
do Chega por pessoas de direita que vêm nele uma forma de revanchismo contra o
PCP e o Bloco. É por assim dizer, uma nova forma de vingança ideológica. Só que
a comparação para além de falsa, é demagógica e ofensiva para a democracia.
Quer historicamente, quer ao
nível das propostas, a comparação é disseminada por quem não pode ser honesto
intelectualmente.
Da destruição do SNS e da escola
pública, ao cerco sanitário a uma etnia, à perseguição a uma minoria religiosa,
à reversão da lei do aborto, e a tudo o que já sabemos da visão machista,
racista e reacionária que caracteriza o fascismo, até à perseguição
aos mais pobres, principalmente os beneficiários de RSI, numa visão redutora e
sectária, a castração química de pedófilos e a prisão perpétua, e outras que
tais, numa perspetiva de recuos civilizacionais como nunca antes
visto, e que qualquer partido da esquerda nunca se atreveu tão pouco, mais ou
menos, a propor.
O PSD nos Açores cruzou uma linha
vermelha. No resto do país espero que não, se bem que já sabemos onde cairá Rui
Rio se disso necessitar. Triste e perigoso porque ajuda a enfraquecer a
democracia e mina por dentro o sistema de que estes populistas se aproveitam.
sábado, 7 de novembro de 2020
B(ye)den
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
Stayaway Covid
Também sabemos tudo o que há para saber sobre as regras aplicadas e aplicáveis.
Mas há uma coisa que não sabemos: respeitá-las e acatá-las. Para o bem comum. Criticar sabemos, obedecer nunca.
Porque tudo é fácil, mas aposto que no lugar lá onde eles estão, a infernizar-nos a vida, teríamos com certeza o bom senso e a sabedoria para aplicar medidas bem melhores. Porque nós sabemos tudo o que há para saber sobre a Covid-19. Eles, leigos, não. Ou, porventura, não aplicar nenhuma e dizer à populaça que isto mais não é do que uma gripezinha.
Quanto à mais recente polémica da aplicação 'stayaway covid', mais uma vez a informação, ou neste caso, a falta dela, tem dominado as discussões facebookianas e não só dos peritos em epidemiologia.
Mas vamos por partes. António Costa propôs à AR que aprovasse o uso obrigatório de máscara na rua e a instalação obrigatória nos telemóveis da aplicação 'stayaway covid'. Dito assim, o ditador Costa, foi comparado aos piores sistemas ditatoriais do mundo, essa esquerdalha malvada da China, Cuba, Rússia, Coreia do Norte e Venezuela. Porque, como se sabe, não existem nem nunca existiram ditaduras de direita. E mesmo enviando a proposta à AR, esse espaço ditatorial em qualquer país civilizado que se permita tê-lo como instituição mais ou menos democrática, não se livrará da fama.
Só que é assim? Não, não é bem assim. A proposta refere o uso de máscara obrigatória para pessoas com mais de 10 anos, nos espaços ou vias públicas, e sempre que o distanciamento físico recomendado pela DGS se mostre impraticável. Totalmente de acordo…
Quanto à aplicação, ou a app para os mais modernaços, a proposta é que seja obrigatória a sua instalação em contexto laboral ou equiparado, escolar e académico e por possuidores de equipamento que o permita. Ou seja, não se aplica aos reformados, não se aplica a quem não tenha equipamento compatível, não se aplica a muita gente que se apressou a criticar sem saber do que estava a falar. O normal, portanto.
Outra coisa bem diferente, é saber da constitucionalidade de tal proposta, e refiro-me só à que diz respeito à aplicação, porque quanto ao uso da máscara, tal questão não se põe. O estado de calamidade permite isso, e muito mais.
A instalação da aplicação, mesmo nos casos acima descritos, parece-me inconstitucional, e mais será a sua fiscalização por agentes de autoridade. Por isso, é que Costa se precipitou.
No entanto, muitos dos que se apressam a ir ao facebook dizer umas coisas, deviam estar mais preocupados com as definições de privacidade dessa rede social e de outras, do que com a aplicação 'stayawaycovid'. E já agora, instalá-la se tiverem bom senso. Não devia ser necessário ninguém sugerir a sua obrigatoriedade. Que, repito, é inconstitucional, na minha opinião, mesmo em período de estado de calamidade.