terça-feira, 8 de dezembro de 2020

E porque não com gás?


Comprei e li alguns livros de José Rodrigues Santos, confesso. Três. A escrita ligeira e fluída é fácil de ler, principalmente para quem não tem tempo. Ao estilo de Dan Brown, mas em pior. Muito pior. Porque aos inúmeros compêndios de plágios falhados a Dan Brown, consegue juntar uns toques de concorrente de big brother, se a Cristina Ferreira fosse participante e resolvesse escrever um livro aos berros. Acrescente-se uma pitada de alguma investigação sobre um tema mais ou menos polémico/interessante e temos uma mescla explosiva para um 'best seller'.
Só que Rodrigues dos Santos, impulsionado pelos orgasmos públicos a que nos habituou na apresentação do telejornal quando as notícias são más, principalmente se o governo for de esquerda, resolveu reescrever a história.
O mesmo autor da sopa de peixe com leite de mama de uma sueca, que tentou, escreveu e defendeu a tese de que o fascismo deriva do marxismo, tenta agora passar uma borracha no fascismo nazi, numa espécie de truque mágico.
Numa entrevista à RTP, este aldrabão, charlatão, esteve mais de vinte minutos na televisão do Estado a negar o holocausto. E qual é a forma mais soez de negar o holocausto em 2020 se não deturpá-lo e falseá-lo, descontextualizando-o na sua dimensão humanista, Num atentado ao trabalho de milhares de historiadores sérios que dedicaram e dedicam as suas vidas ao tema.
"A certa altura, há alguém que diz 'Epá, estão nos guetos, estão a morrer de fome… não podemos alimentá-los. Se é para morrer mais vale a pena morrer de forma mais humana. E porque não com gás?'". "Ao décimo cadáver que visse já era normal.' 'Já via um enforcamento a palitar os dentes.'
O ignorante afirma que os nazis só gasearam milhões porque não os podiam alimentar, portanto por humanismo.
Rodrigues dos Santos que afirma que nem Saramago ou Lobo Antunes tiveram coragem para escrever sobre o tema, e que foi necessária alguma maturidade como escritor para se aventar a escrever sobre o tema.
Diz o aldrabão que os nazis tinham 50 campos de concentração (eram mais de 44 000), que “os comunistas fizeram a mesma coisa” mas que nos campos nazis ao menos as crianças até iam à escola, que havia piscinas e bordéis e que os presos se habituavam aquilo, que no fundo 'é quase como quem vai para o trabalho'.
Este é o charlatão de Auschwitz... e se calhar por isso é que acaba a entrevista a tentar justificar porque a história contada tem que superior ao estilo... seja como for, ele é um escritor, de literatura...
E porque não com gás?

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