sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Lava mais branco

O branqueamento do fascismo está em curso. Pior do que isso, é feito por pessoas que não são fascistas, mas que por mero assalto ao poder ou revanchismo ideológico são capazes de normalizar partidos como o Chega.

Há sempre um 'mas'. O que ele disse (Ventura bem entendido), até é racista ou xenófobo, mas... será mesmo necessário facilitar assim tanto? Semana após semana, assiste-se à legitimação do Chega por pessoas de direita que vêm nele uma forma de revanchismo contra o PCP e o Bloco. É por assim dizer, uma nova forma de vingança ideológica. Só que a comparação para além de falsa, é demagógica e ofensiva para a democracia.

Quer historicamente, quer ao nível das propostas, a comparação é disseminada por quem não pode ser honesto intelectualmente.

Da destruição do SNS e da escola pública, ao cerco sanitário a uma etnia, à perseguição a uma minoria religiosa, à reversão da lei do aborto, e a tudo o que já sabemos da visão machista, racista e reacionária que caracteriza o fascismo, até à perseguição aos mais pobres, principalmente os beneficiários de RSI, numa visão redutora e sectária, a castração química de pedófilos e a prisão perpétua, e outras que tais, numa perspetiva de recuos civilizacionais como nunca antes visto, e que qualquer partido da esquerda nunca se atreveu tão pouco, mais ou menos, a propor.

O PSD nos Açores cruzou uma linha vermelha. No resto do país espero que não, se bem que já sabemos onde cairá Rui Rio se disso necessitar. Triste e perigoso porque ajuda a enfraquecer a democracia e mina por dentro o sistema de que estes populistas se aproveitam.


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