sábado, 17 de março de 2012

A minha menina dos olhos pretos

Gosto de afectos. Gosto de quem não me cobra nada em troca de afectos. Sou de todos os que me quiserem dar afecto. Afecto quem me afecta. Da minha menina dos olhos pretos. Gosto da guitarra portuguesa enquanto te beijo com carinho. Gosto das lágrimas enxurradas na pele. Sorrio quando sorris. Sofro quando choras. Gosto de te embalar e de te ouvir suspirar. Gosto das minhas manhãs. O receio está sempre lá, na ansiedade já nostálgica do que há-de vir. Do teu doce respirar, da tua pele suave que interrompo com ardor. Da tua boca sôfrega de um desejo inacabado. Sou enquanto quiseres que seja. Darei mesmo que não queiras. Sou porque és. Serei porque estás. Das tuas fitas e manhas. Gosto quando me encaras e decoras. Quando estendes os braços. Quando me aprendes, quando me chamas à tua maneira. Afago os teus sonhos, assusto os pesadelos. Sou como uma orquestra sob a tua batuta. O reflexo da tua voz tornou-me recluso do teu olhar. Da tua tez viçosa. Dos teus olhos. Quanto és luz, quanto é nosso o brilho. Gosto de te apertar contra o peito. Gosto de te acordar. Ver-te crescer a cada dia como um rebento de ventura e ternura. Sou melhor assim, por ti. Iluminas a casa e apagas qualquer réstia de cansaço. Esse ansioso regresso. Sou assim, refém...

Sem comentários: