quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Lamento de Natal

Lamento com 'sôdade' a morte de Cesária Évora, lamento a morte de Vaclav Havel, revolucionário democrata e político de moral superior, lamento pelo povo da Coreia do Norte, que vai continuar  a ter um Kim a reger aquela ditadura Estalinista (aliás, acredito que seja por isso que choram, para não falar das 'carpideiras' pagas com medo, histeria e pânico), lamento...
Lamento que o meu governo acredite que a solução para o desemprego esteja na precariedade, na austeridade, na inconstitucionalidade, na escravidão, na desbaratização (tenho a sensação que esta palavra não existe, e se existe devia pagar imposto), na desmoralização e na emigração... na desregulamentação e discricionariedade (outra que devia pagar imposto) do despedimento, no corte das indemnizações, no alargamento do horário de trabalho, no corte de feriados e férias (aliás, é curioso notar como as principais centrais sindicais e de patrões se uniram contra o ministro da economia e abandonaram a concertação social neste capítulo, é no mínimo inédito), lamento... que queiram vender o país aos chineses, aos alemães e aos angolanos, que sejam mais troikistas que a troika, que não vejam para lá de 2015, que não saibam que sem crescimento não há dívida que possa ser paga, que não cortem nas verdadeiras gorduras mas nos tirem a pele, lamento...

P.S. - Apesar de tudo, a todos um Bom Natal!

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu lamento mais a forma como chegamos e nos enterramos neste buraco. Bem sei que não vale tudo para sair dele!!! Mas, um facto é que temos de sair e teremos de ser puxados, pois o buraco é tão fundo que já não consegues sair de lá sem ajuda...
Por isso, os teus lamentos só existem porque te enterraste até ao pescoço.. Por isso todos teremos de lamentar e culpar quem para aqui nos trouxe e até condenar mas, este não é momento de lamentos...

Bom Natal,

N. Palas

Rogério Amorim Moura disse...

Suponho que 'enterrar-me até ao pescoço' seja uma forma de falar no colectivo... quanto ao resto tenho uma emenda a fazer. Os sindicatos e os patrões não abandonaram a concertação social, ao contrário do que se diz no texto. Eles não chegaram a ser ouvidos já que o ministro decidiu unilateralmente, contra, até, os sábios conselhos de Cavaco...