quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O técnico

O novo Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, é um técnico. A expressão utiliza-se quando se quer fazer a distinção para os políticos. Ser político por esta altura poderá não ser um emprego muito popular. Daí que os técnicos independentes sejam à partida uma mais-valia para qualquer governo. Principalmente se estiver a coordenar a 'tentadora' pasta das finanças. Ele aumenta os impostos quase todos os dias, ainda não tomou nenhuma medida de corte na despesa, mas como é um técnico ele é que percebe. É sempre bom ter um técnico a gerir as finanças. Se fosse um político poderia confundir-se com o partido, ou com interesses instalados e agarrados ao poder. Assim um técnico pode usar de uma independência que só a sua qualidade como tal pode ousar exercer. Sucede que, como tudo na vida, poderão existir alguns handycaps. Nomeadamente não perceber nada dos bastidores da política, o que é um claro elogio ao técnico, só que o técnico pode não gostar de dar entrevistas, ou porque não tem a veia propagandista do político, ou porque simplesmente não gosta de estar a explicar verdades insofismáveis aos leigos que o poderão estar a ouvir, ou então porque é simplesmente uma chatice e uma perda de tempo. Poderá também surgir a situação desagradável de dizer aquilo que não convém. Assim, a entrevista que o técnico Vítor Gaspar deu aqui há tempos a um canal televisivo foi confrangedora e embaraçosa, porque o técnico 'não gosta nem tem jeito para dar entrevistas'. Ontem, disse que a situação da Madeira é insustentável. Ora, se fosse político, jamais poria em causa a estratégia de um peso pesado do partido que sustenta o governo. Se fosse político diria que havia um desvio colossal nas contas públicas, mas escondia que um quarto desse desvio vem da Madeira, propriedade do dr. Alberto João.
Senão, veja-se a diferença. O que disse o visado, quando confrontado com um buraco de 500 milhões de euros?
"O que se está a passar foi aquilo que já avisei o povo madeirense: é mobilizar-se a comunicação social do continente, mobilizar-se, agora, até neste caso, os próprios sectores da União Europeia que são afectos à Internacional Socialista e que estão a trabalhar neste grupo da 'troika', a Maçonaria mobilizou tudo quanto podia em termos de utilizar este período para atacar a Madeira".
Aqui temos o exemplo de um político que não é técnico, mas que atira para tudo o que mexe. Assim, mete-se ao barulho a Internacional Socialista e os Maçons, e pode ser que as pessoas se confundam, aproveitando para dar uma facada na esquerda. Confesso que me confundiu com aquela da maçonaria. Se é certo que a troika e as suas medidas são tudo menos de esquerda, a maçonaria não sei quem são, nem o que fazem. Outra explicação é a normal, endividou-se para fazer face à política do Sócrates. Há quem se endivide por necessidade, por desleixo ou por ganância. O dr. Alberto endividou-se, a ele e a nós, porque tem o mundo contra ele, principalmente se for de esquerda. O dr. Alberto não é com certeza um técnico, e o dr. Gaspar não é de certeza um político. Mas o buraco lá está, à espera que os do costume o tapem. Agora, se me dão licença, vou só ali ao banco contrair um empréstimo para alguém pagar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Papi,

Escrevo este comentário por 2 motivos:
1 - Concordo com a tua opinião da madeira e do técnico. Insustentável, e principalmente impraticável se de uma vez por todas não colocarmos um fim a esse endividamento, seja da Madeira (o maior)seja dos Açores (ainda o recente caso do corte salarial).
2 - Quanto ao técnico não ser político já te coloco algumas reservas. Sendo eu, espasme-se, do PSD, estou curioso para ver o próximo orçamento para emitir uma opinião sobre este governo, por 2 motivos: precisamos muito de dinheiro e, infelizmente, os impostos e a torneira mais fácil de abrir mas, confesso que esperava mais da parte da Despesa e daí querer ver o que aparecerá no orçamento.
Contudo, não acho que deves escrever mentiras como por exemplo ainda não ter sido anunciada uma medida do lado da despesa. Pois, já houve várias, algumas delas corajosas, outras impostas e outras até iniciadas ou anunciadas pelo PS. Com isto englobo, fusões de institutos, efectivamente extinção de outros (muito anunciado pelo PS, nunca concretizado), mais critério em subsidios (já tinha sido iniciado), regras salariais publicas mais apertadas, despesa primária a descer, mordomias de ministérios...
Mas, não chega e isso desilude-me e também o facto de estar ciente que se vai colocar alguma ordem nas nomeações mas, ainda assim, estava à espera de menor partidarização, apesar de ter a certeza que será muito menor que a do anterior governo.

Com esta me fico Papi. Escrevi um bocado à pressa e não voltei a ler, espero que esteja claro.

N. Palas