
Assim sendo, à falta de emprego especializado e com maior nível de habilitações, a que toda esta competição não é alheia, o desemprego de sectores fundamentais, em que a concorrência desenfreada e o lucro são o fim que se quer atingir não olhando a meios, é normal acontecer um empobrecimento maior das classes mais baixas e ser aí que se encontra o grosso do desemprego. Se juntarmos a isto a proliferação de gestores, professores, funcionários públicos ou apenas licenciados, temos a estratificação societária ao contrário, ou seja, classe operária sem emprego, para empregadores e gestores a mais, e o Estado com a corda na garganta, tendo a apertá-la os funcionários públicos e os beneficiários de subsídio de desemprego.
E vejam o que aí vem, com um governo desnorteado, por culpa própria, e descredibilizado por uma opinião pública não esclarecida, mas atordoada pelos media, que conseguem impunemente, perseguir governos e publicar escutas, passando por cima das mais elementares regras de ética e de respeito pelos cidadãos, tudo se alinha para um novo governo de aliança PSD/CDS-PP.
E já sabemos o que vai dar, Paulo Portas no poder, a querer mudar a lei do casamento homossexual, e Pedro Passos Coelho a flexibilizar o emprego e os despedimentos, dando toda a discricionariedade aos patrões, que, não sei se já repararam, acabam de fundir as suas principais associações patronais.
Não vejo onde vai estar a melhoria, aliás, querem mexer na Constituição, para já com uma atoarda justificativa, tirar a palavra “República” do diploma fundamental:
Art. 1º
“Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.”
Agora digam-me, vão tirar República e substituir por Estado?, ou tira-se a parte final da sociedade justa e solidária e substitui-se por uma sociedade neoliberal e patronal?
Ainda não se cansaram do modelo neoliberal, numa altura em que o mercado livre foi responsável pela crise de valores e pela crise económico-financeira, numa altura em que o pensamento de Keynes se devia sobrepor, mais intervenção do Estado e menos especuladores?O mercado não é auto-regulador, mas determinado pelo espírito egoísta dos empresários, especuladores e patrões. É por esse motivo, e pela ineficiência do sistema capitalista em empregar todos os que querem trabalhar que a intervenção do Estado na economia, sem ser sufocante, é fundamental.
Vejam só o que vem aí!