quarta-feira, 26 de abril de 2017

Abril

Celebrar e relembrar Abril é necessário para recordar o antes de Abril. Para que nunca se esqueça o passado e possa haver esperança no futuro. Para que os valores de Abril não possam ser ameaçados ou postos em causa como se tem visto por esse mundo fora. Para que oportunistas, xenófobos e populistas não tragam para a praça o medo. O medo que tolhe consciências e se aproveita dos mais fracos para impor totalitarismos, nacionalistas e extremistas.
Os valores de Abril são a liberdade, a igualdade e a democracia. Pilares fundamentais de um estado de direito.
Para que nunca se esqueça... porque a história tem tendência a repetir-se e o ser humano tem tendência a não aprender com os erros...

terça-feira, 4 de abril de 2017

As granadas na banca

A Troika usou Portugal como cobaia para uma nova forma de lidar com crises bancárias. Uma intervenção externa que tinha a estabilização do sistema bancário e financeiro como segundo pilar. E tudo ficou na mesma. A 'saída limpa' não foi mais do que uma forma ardil, para numa tentativa eleitoralista, tentar que um governo submisso de direita continuasse a governar o país. Como se soube recentemente, esses temas nem sequer eram tratados em Conselho de Ministros e a resolução do BES foi decidida com ministros de férias que assinaram de cruz. E com vários dossiers escondidos na gaveta, como foram os casos dos Swap's, da CGD e do Banif.
Antes de sair do governo, Passos Coelho decidiu reconduzir Carlos Costa como governador. Que deixou Ricardo Salgado à frente do BES até ao limite do tolerável. Na troca de favores que marcou a relação entre Passos Coelho e o governador do Banco de Portugal, este escolheu o secretário de Estado Sérgio Monteiro para tratar da venda do banco. Levou para casa um salário pornográfico sem vender coisa nenhuma. E a direita ainda teve lata para criticar os salários da nova administração da CGD. No fim, a batata quente acabou, como tantas outras, na mão de António Costa.
A venda do Novo Banco é o acordo possível, tal como foi o caso do Banif. Nacionalizar o Novo Banco seria insustentável, com uma recapitalização imediata de 1000 milhões de euros. Ainda por cima com a recapitalização da CGD em andamento, recapitalização que diziam ser impossível passar no crivo de Bruxelas. Mas Costa é o homem dos impossíveis.
O acordo alcançado com a Lone Star não deixa de ter um risco, mas minimizado pelas condições que estavam ao alcance de um governo que herdou várias granadas de mão e que as vai desarmando uma a uma.
Passos e Cristas não sobreviverão às suas próprias contradições e erros.