quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A novela da CGD

O ódio visceral e estritamente ideológico de Passos Coelho a tudo o que é sector público é antigo. A política de terra queimada e de privatizações que esbulhou o país nos anos da troika é a prova disso. Assim como o ataque cerrado ao Estado Social. Não conseguiu chegar à CGD e à água. Mas era essa a intenção. Chega a ser confrangedor ouvi-lo a falar de radicalismo de esquerda. Quando a direita que governou nos últimos anos foi a mais radical de sempre. Não admira o desprezo dos sectores mais moderados do PSD, de Marcelo, passando por Ferreira Leite, a Pacheco Pereira.
A novela da constituição do conselho de administração da CGD e dos seus salários foi um embaraço para o governo, sem dúvida. Mas a única razão pela qual está há seis meses sob os holofotes mediáticos e no centro do debate é porque o PSD e o CDS não têm mais nada a que se agarrar. Não é a economia, não é a política, não é a sociedade, não, é a CGD. E com efeitos nefastos na situação do ainda único banco público, com caráter de extrema importância no definir da estratégia sectorial financeira e bancária do país. Pois foi assim mesmo, que a direita, sem qualquer pudor, propôs a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito em plena negociação em Bruxelas para a recapitalização do banco público. Recapitalização já autorizada por Bruxelas (e os muitos que duvidaram) e urgente. Na ânsia de se manterem à tona, o PSD e o CDS, são capazes de se agarrar a qualquer caso e fazer render o peixe até à exaustão.
Só que daí pode advir um problema maior, para eles claro, porque o país, e a CGD, e tudo o resto pode-se lixar (para usar a terminologia de Passos). E o problema, é que esgotado o caso, Passos não tem mais nada para dizer. Não tem qualquer estratégia, pensamento ou ideia que não seja gerir os casos e casinhos e tentar tirar daí os dividendos que puder.
Chegado a esta fase, o feitiço começa a virar-se contra o feiticeiro. António Costa acusou-o de ter empurrado o problema da CGD com a barriga. Logo PSD e CDS vieram a terreiro exigir provas. E não é que elas existiam mesmo. Durante seis meses,  Maria Luís Albuquerque guardou na gaveta dois pareceres da Inspeção-Geral das Finanças relativos a relatórios trimestrais da comissão de auditoria da CGD e o governo só os despachou 15 dias antes das eleições. Por razões eleitoralistas, obviamente. O mesmo aconteceu com o BANIF. E assim se geriu um país. Passos não passará de uma nota de rodapé nos livros de história...



terça-feira, 13 de dezembro de 2016

As opções do grande plano

O OE para 2017 aprovado por toda a esquerda parlamentar não é o melhor, mas também não é mau. É o possível. Foi alimentado de casos e casinhos inventados pela direita, apegados a qualquer coisinha que os possa manter à tona.
Ainda antes de se conhecer o próprio documento, já a direita se punha em bicos de pés, atirando em todas as direções possíveis e imaginárias. O caso do imposto 'Mortágua' como ficou conhecido, é todo um 'case study' de como se pode criticar violentamente uma medida justa, sem qualquer ponta de vergonha, mesmo tendo defendido essa medida no passado. É preciso ter lata e muita, mas mesmo muita incoerência.
No ano passado, o PSD como se sabe, ainda combalido com o coelho que Costa tirou da cartola, a famosa geringonça, absteve-se de fazer qualquer proposta de alteração ao então OE para 2016. Eis as suas opções à época:


Eis as opções do PSD para o OE de 2017:


Nisto o PSD é coerente, e é aquilo que já se sabia, é contra as pessoas, contra tudo o que mexa e seja do domínio público e contra qualquer tipo de apoio social. É a cartilha de Passos Coelho em todo o seu esplendor. Em boa hora saiu pela porta mais pequena. Em breve desaparecerá pela dos fundos.