terça-feira, 19 de abril de 2016

Impeachment como quiser

Eduardo Cunha é o presidente do congresso brasileiro que é suspeito no Supremo por corrupção no processo Lava Jato. Michel Temer é o vice-presidente, suspeito no Supremo por corrupção no processo Lava Jato. O impeachment de Dilma foi votado por um congresso onde mais de metade dos deputados estão indiciados por corrupção no processo Lava Jato e noutros. E agora a coisa passa para as mãos do Senado, cujo presidente Renan Calheiros, também está a ser investigado no processo Lava Jato. Tudo para fazer sair de cena uma das poucas políticas brasileiras que, goste-se ou não, não é suspeita de corrupção. O pecado de Dilma terá sido tentar dar a mão a Lula, suspeito no processo Lava Jato. Aliás, quem se lembre do processo da sua nomeação e imediata suspensão, com juízes sectários e parciais, fica feliz por viver em Portugal.
O Carnaval brasileiro dura todo o ano e em todo o lado. A forma de votação dos deputados do congresso que foram chamados um por um a apresentar as suas razões para votar favoravelmente ou não a admissibilidade do processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff, parecia uma novela da Globo, a fazer lembrar as que passavam nos anos 80. Pela mulher, pelos filhos, por Deus, pela família, pelo Brasil e pelo marido que é um exemplo, ainda que o marido tenha sido detido no dia a seguir. Ao mesmo tempo que empunhavam cartazes num circo ululante.
O Brasil tem um regime presidencialista em que é o Presidente que governa e tem a legitimidade do voto. O que quer dizer que os deputados apenas o podem fazer cair se este tiver cometido um crime de responsabilidade. Por corrupção, por exemplo. Foi o que aconteceu com Collor de Mello.
Este processo não é um golpe. É um aproveitamento desproporcionado, cínico e hipócrita do descontentamento de uma franja da população mais burguesa, que incita o sempre latente sentimento violento do povo.
Temo o pior para o Brasil... Infelizmente...

Sem comentários: