sábado, 22 de dezembro de 2012

Natal de Resistência

Em plena época natalícia, a previsão (contemporânea) Maia, do fim do mundo, gorou-se. É, no entanto, opinião corrente que o ocaso final não tardará. Não por qualquer conspiração cósmica ou divina e alinhada nessa orientação, mas por mão humana, como num fogo posto. A generalidade desse sentimento alvitra, inconscientemente, uma sensação de impotência e conformismo preocupante.
Vamos morrer, desfalecer, empobrecer, definhar e desaparecer. O ser humano, subentenda-se. Por culpa própria. E não há nada que possamos fazer para inverter a situação.
O sentimento de impotência só terá sentido após a luta. Principalmente se essa luta é desigual. O conformismo só faz sentido depois da derrota. Justa ou não... Mas o activismo e a cidadania exigem a querença que só os princípios do humanismo e da democracia podem oferecer.
Eu sei que por esta altura devia escrever sobre optimismo e espírito de Natal, mas a minha consciência não me deixa. A reunião com a família e os amigos é o meu Natal. Nada mais que isso, e tudo o que isso representa e me preenche. Posso até cometer o pecado da hipocrisia e até ser demagógico, mas se é verdade que este Natal será especial para mim e para a minha família por virtude de ser o primeiro na companhia da minha primogénita, não esqueço as vicissitudes do ano de 2012 que agora termina. Eu vou ter esse Natal... Mas 2012 não vai proporcionar esse Natal a uma grande maioria...
O ano de 2012 foi, em matéria sociológico-política, o pior de que tenho memória. Desde a primavera árabe falhada, da guerra civil da Síria, dos vícios de omnipotência no Egipto, à campanha niilista Israelo-Palestiniana, das crianças assassinadas de Newtown, do Iraque, do Afeganistão e da Palestina, das vítimas da fome de África, às que agora temos à porta de casa. No nosso quintal...
Nesta época de atropelos à condição humana e aos seus valores, não nos podemos esquecer daquelas que são as vítimas primeiras da cegueira, ideológica e liberal, mundial e intrafronteiras, presente e crescente. Hoje, neste período, só honraremos essas vítimas, não com caridade, não com pena e partilhas deprimentes, mas sim com denúncia, com intervenção, real e pró-activa. A história do homem nunca teve tão poucos. A febre do dinheiro e do capital, do interesse e da ganância também não o permite. Em Portugal como no resto do planeta. Os que têm potencial (Obama), estão enredados em teias de burocratas, lobbies e máfias de colarinho branco-sujo, castradoras e chantagistas.
O meu país está em liquidação total. A minha região está a ser esvaziada. A minha cidade está deprimida.
As crianças do amanhã exigem uma outra atitude, a partir de agora, dos pais e avós de hoje. Exigem um Natal de oportunidades em 2013. Vão pedir explicações no futuro à geração do agora. Aos homens de hoje, exige-se que não deixem que os seus filhos sigam o diapasão da dívida geracional, Que não deixem de ensinar os valores que definem a cidadania e a vida em sociedade. A Justiça, a Igualdade, a Liberdade e a Democracia. Os direitos e as garantias. Que lutem hoje pelo seu futuro. Que lutem por um Estado de oportunidades iguais. Social e fraterno. Justo.
Eu, neste espaço, bem ou mal, é o que tento fazer. Noutros sítios também procuro fazê-lo. Pelo Natal futuro dos meus filhos. Pela resistência ao oportunismo, ao egoísmo, à ditadura do capital e ao tráfico de influências lesa-pátria. Aprendido ontem, lutando hoje, resistindo amanhã... Abril hoje e amanhã. Natal sempre...

P.S.- A todos, sem excepção, um Bom Natal!!!



quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

TAP

O governo deu uma prendinha de Natal a Portugal. Decidiu não vender a TAP. Para já... Este seria mais um negócio de ruína para o país. Não a curto prazo, porque qualquer milhãozito, por esta altura, é sempre bem-vindo. Mas a longo prazo constituiria mais uma canelada nas opções estratégicas do Estado. A ponte com África que Portugal garante através da TAP é uma das mais elementares opções de estratégia e crescimento que Portugal ainda detém. Ou não fosse a TAP a empresa que mais exporta na nossa recessiva e cada vez mais pobre economia.
A desculpa para o não avançar do negócio terá sido a falta de garantias bancárias, ou algumas, por parte da companhia compradora, pertença de Efromovich, conhecido como um predador de oportunidades.
Não estranhará ao caso, a participação pouco transparente do milionário nas suas relações com Miguel Relvas, o do costume.
As rabanadas da TAP este ano ainda serão comidas em solo nacional. Para o ano tenho muitas dúvidas. E como a TAP, a RTP, a ANA, as Águas de Portugal, e o que restar do país...

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A quarta via

A nova via (quarta) para a venda da RTP prevê a privatização de 49% do capital da estação pública televisiva. É a nova forma que Relvas encontrou para contornar a norma constitucional que prevê que o Estado assegure a prestação de serviço público de rádio e televisão. A Constituição, sempre a Constituição. Provavelmente a maior fonte de oposição a este governo, o que não abona nada em seu favor e, porventura, a ansiedade da sua alteração.
Segundo avaliações recentes o montante necessário para adquirir os tais 49% rondará os 25 milhões de euros. Na prática, a feliz compradora, será contemplada com a gestão da estação como se fosse dona da totalidade. A isso se juntará uma indemnização compensatória pelo Estado e prevista para 2013 na ordem dos 52 milhões de euros. Acresce ainda uma receita de publicidade a rondar os 50 milhões de euros. Se a isto juntarmos a receita da contribuição audiovisual paga por todos através da factura da electricidade no valor de 150 milhões de euros, o bolo total ascende a uns magníficos 252 milhões de euros! Os custos previstos para 2013 estão estimados em 180 milhões de euros.
Ou seja, sem qualquer esforço de reestruturação e redução de custos, nomeadamente com pessoal, estará garantido um lucro de 20 milhões de euros anuais, porque as receitas de publicidade e pelo menos a receita de audiovisual serão entregues à empresa gestora. O Estado será sempre o menor dos interesses, e o que menos ganha. Os contribuintes que paguem o que têm que pagar...
Perfila-se uma joint-venture entre a angolana Newshold - que se esforça por dizer quem são, sem nunca o anunciar, apenas se sabe que estão sediados no paraíso fiscal do Panamá - e a Cofina. A Newshold já é dona do semanário Sol. A Cofina detém entre outros o Correio da Manhã, o Record, o Jornal de Negócios e a revista Sábado. Falta-lhes um canal de televisão.
A Constituição, maldita Constituição, também prevê a regra da proibição da concentração dos media. A Comissão Europeia tem uma política garantista e protecionista das regras da concorrência, em particular no caso de um privado poder ter influência num determinado sector recebendo uma taxa a que mais ninguém tem acesso.
O problema maior, se estes já não fossem suficientes, reside no serviço público assegurado ou a assegurar. Neste caso, uma mistura entre Correio da Manhã e a 'imprensa livre' que Angola tão bem representa.
A trapalhada da demissão/afastamento/procedimento disciplinar de Nuno Santos é um primeiro sinal. A nomeação, para presidente da estação, do mestre cervejeiro Alberto da Ponte é outro. A transparência do processo e dos seus intervenientes será mais um caso de polícia em Portugal... Ou não, por este andar... A quarta via do liberalismo só espera por um Eduardo dos Santos qualquer...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Da Justiça [7] - O novo mapa judiciário

O acesso ao direito e à justiça é um direito constitucional. Mais um. A nossa Constituição tem esta mania compulsiva de dar direitos aos cidadãos.
Esse acesso ao direito pressupõe que não haja obstáculos à realização da justiça. Ora, o novo mapa judiciário obsta à realização da justiça onde ela se deve realizar. Ou seja, manda à fava os princípios basilares do direito e da justiça e especificamente os que versam e regulam os fins das penas.
Assim, nesta esteira, a pena aplicada a um determinado crime tem em si a função de retribuição, e a da prevenção. A retribuição como o próprio nome indica, visa castigar, numa perspectiva de estado de direito, todos aqueles que não cumpram a lei e por isso não coadunem a sua conduta com a vida em sociedade. A prevenção, num sentido mais lato, significa um alerta geral à sociedade de que para todo o crime existe um castigo, e como tal se devem abster de cometer crimes, porque a vida pacífica e salutar em sociedade de oportunidades iguais para todos assim o exige. É a protecção da anarquia. Da lei do mais forte. A prevenção tem também um sentido mais estrito. Prevenir que o autor de um crime volte a ter uma conduta errada e ilegal. É aqui que reside a possibilidade de reintegração e reinserção social, que, ao contrário de outros sistemas jurídicos, é um dos princípios mais nobres da natureza e do nosso sistema criminal.
Ao fechar valências e tribunais, em particular no interior do país, o governo em funções, aka ministério da justiça, fecha também a possibilidade das populações das zonas afectadas terem condições de acederem ao direito e à justiça em condições iguais aos seus concidadãos de outras zonas do país. Ou seja, comete o governo, o pecado original da inconstitucionalidade.
A proposta de lei que define o novo mapa judiciário, e agora reportando-me ao meu espaço de conhecimento, prevê que todos os concelhos do Alto Tâmega percam a capacidade de julgar os processos que impliquem o tribunal de júri ou colectivo e as acções cujo valor seja superior à alçada da Relação, ou seja, os crimes cuja moldura penal seja superior a cinco anos de prisão, de um modo geral, e as acções de valor superior a trinta mil euros.
Nessa proposta, refira-se ainda que todos esses processos passarão a ser julgados na sede de distrito, portanto, Vila Real.
Passando por cima do tema da descentralização, que obviamente neste caso funciona ao contrário, quando assim seria exigível, o busílis da questão põe-se então nos argumentos dos números e dos princípios já enunciados.
Não exigirá grande esforço de inteligência e perspicácia para se dar conta que o princípio de prevenção geral dos fins das penas deixará, pura e simplesmente de existir. Um arguido julgado a mais de 60 km do sítio onde ocorreu o crime não incute na sociedade a ideia de que para toda a conduta criminosa lesiva de um direito ou interesse alheio corresponde um castigo. Aí onde as pessoas  conhecem as vicissitudes e sabem as consequências.
Quanto aos números, vários exemplos concorrem para desmontar a teoria ora planeada. Puxando a brasa à sardinha do tribunal de Chaves, e segundo a própria estatística utilizada pelo ministério da justiça para justificar a sua desclassificação, temos que o tribunal de Chaves tem mais pendências processuais de direito do trabalho que Vila Real, processos que já têm que ser julgados na referida capital. Chaves tem mais pendências de grande instância criminal que Vila Real, os chamados colectivos. Se a Chaves se juntar o resto do Alto Tâmega então os números ganham contornos de escândalo e não se justifica tout court a desclassificação proposta dos tribunais em questão.
A lei da regra e esquadro sobrepôs-se ao bem senso legislativo, numa lógica perigosa de menosprezo economicista. Os exércitos de 'especialistas' e assessores que não conhecem as especificidades do país, muito menos de Trás-os-Montes, querem traçar, ignorantemente, a morte da justiça e do acesso ao direito da região.
E quem conhece a região sabe que, há aldeias do concelho de Montalegre que distam 200 km da capital de distrito. Há aldeias do concelho de Chaves que distam mais de 100 km dessa mesma metrópole e por aí fora. Não existem transportes públicos que possibilitem que as partes e as testemunhas se desloquem em tempo útil a Vila Real para um julgamento às nove e meia da manhã, sem perderem um dia de trabalho, ou dois. Se se deslocarem de táxi, a viagem não fica em menos de trezentos euros. Se tiverem viatura própria, então, os custos de combustível, portagens e almoço. No mínimo. Imaginem o caso, natural e recorrente, de o julgamento ser adiado, uma, duas, três vezes ou mais.
Mas existem mais especificidades nesta região. A neve e o gelo. Que implicam só!, a impossibilidade da deslocação.
Outro argumento pode ser e é, de facto, a  incapacidade orgânica e de espaço do tribunal de Vila Real. A ministra da justiça emitiu um ofício a solicitar à câmara municipal de Vila Real que lhe arranjasse um prédio para alugar e aí instalar as novas valências, pendências, juízos e juízes, funcionários, sistemas informáticos e afins. A  ministra já disse também que o nova mapa não visa uma teoria economicista. É caso para perguntar para que serve então? Que populações serve? Que justiça visa aplicar? Para quê sobrecarregar um tribunal, que será central (e que já funciona mal e logicamente fará pior) se os os que existem funcionam bem (caso de Chaves)? Onde está a celeridade? Onde estará a justiça?
Também não se pode ver a questão segundo uma visão corporativa dos agentes da justiça, nomeadamente dos advogados. Estes já se deslocam para inúmeros locais. Os custos de mais essa deslocação seriam comportados por quem apela à justiça para fazer valer os seus direitos. Mais uma acha na fogueira. Mais custos para a população que quer aceder a uma justiça cada vez mais desigual. São os custos da interioridade.
Argumentos recentemente utilizados pelo ministério? 0,02 % das populações é que recorrem à justiça! Ora, no concelho de Chaves corresponde a nada mais nada menos que 9 pessoas!!! Forte argumento.
Para muitas destas populações, principalmente as que vêm tribunais encerrar, será o regresso à justiça pelas próprias mãos e/ou a desistência de ver feita justiça. O desconsolo e o abandono. O abandono do Estado. À sua própria sorte. Na maioria dos casos corresponderá à total ausência de justiça. Por falta de pessoas que estejam dispostas a testemunhar, por falta de dinheiro, por falta de condições para as partes, por falta até de uma simples inspecção ao local. Será a denegação de justiça, que está tipificado como crime no nosso código penal. Será a ausência de justiça. Será a ausência do Estado. Será a injustiça.

P.S.- O executivo da autarquia de Chaves teve até ao momento um comportamento cobarde e vergonhoso. Não defende nem defendeu as suas populações. As que os elegeram. Não compreende nem quer compreender e muito menos explicar que serão elas a sofrer e a suportar os custos desta proposta. Cede a tudo e a todos. Não vê mais que o próprio umbigo. Não sabe. Nem quer saber. Chuta para canto. Não se compromete. Bem hajam os advogados de Chaves!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

A partilha da felicidade

A memória tem o condão de nos fazer atraiçoar os sentidos e de por momentos nos fazer esquecer o presente. Por muito bom que ele seja, por vezes a nostalgia de momentos passados sussurra ventos de felicidades vividas. Se é verdade que o futuro se constrói no presente, também é verdade que sem memória e sem passado o futuro não existe.
A nostalgia do passado pode ser um lugar de solidão, às vezes apertado, em agonia, que cria um vazio contemporâneo de vivências felizes distantes. Mas toda a vivência também passa por recordar, o segredo está em fazê-lo com um sorriso nos lábios. Esse sorriso, a existir, demonstra que a felicidade foi encontrada mesmo que em pequenas vinhetas fugidias.
Os reencontros com o passado podem ser de desespero, uma pessoa, uma música, um postal, uma fotografia, se não se souber apreender como nos ensinou a crescer. A variedade de sentimentos e venturas, ternuras e êxtase tendem a procura de uma recriação que já não é possível voltar a encontrar ou recriar. A transformação dessa perseguição em obsessão pode levar a uma infelicidade solitária e degenerativa.
Mas os momentos de saudade, de recordação vivem-se hoje, aqui e agora, e é aqui que se devem celebrar. Os sorrisos podem ser vividos sem mágoa, a vida é uma luta diária, mas isso não quer dizer que seja um caminho triste. Tem curvas, sim, mas com bons pneus, sem querer chegar mais rápido que a necessidade, as intempéries e as dificuldades serão ultrapassadas. Quanto maior for a segurança, maior será a certeza de que o caminho se fará. O segredo é o sorriso nos lábios.
O sorriso dos outros também pode ser o nosso. Mas também não se pode viver na insónia de só viver pelos olhos alheios. Mesmo influenciado, o sorriso tem que ser o nosso. Muitas vezes o sacrifício de engolir o orgulho pode ser um exercício de felicidade. Se isso puder fazer alguém feliz.
Em tempos de negrume a esperança constrói-se com um sorriso. Que pode e deve ser compartilhado. A partilha do sorriso é a felicidade. Não se escondam. Partilhem sorrisos e abraços. O caminho ficará mais fácil. Para quem o usa e para quem o recebe... sejam felizes!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Especulação sobre Sá Carneiro

No dia em que passam 32 anos da morte de Francisco Sá Carneiro, permitam-me um exercício de pura especulação.
A data de 4 de Dezembro de 1980 - o conhecido caso Camarate - representa um dos maiores golpes dados na democracia portuguesa. Nesse dia, morreu um dos mais sensatos e argutos homens da vida política em Portugal. Um defensor do estado social e dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Para quem não saiba, Sá Carneiro, começou por ser um ideólogo de esquerda, firme nas suas convicções, não as abandonou, ao contrário também do que se pensa. Apenas não encontrou na esquerda de então espaço para estender o seu vasto conhecimento e a sua acção política. O PS de Soares secava tudo à sua volta, e o PCP era um caso de extremismo e radicalização, dominado por um Cunhal atado ao pensamento comunista soviético.
A visão de Sá Carneiro era social e democrata e aí estabeleceu as suas bases e raízes. Nasceu o PPD/PSD. Um partido mais à direita do PS mas de base e pensamento semelhantes. O PPD nasceu como um partido de centro esquerda. A social democracia de Sá Carneiro permitiu a implementação no país de um estado social que se viria a desenvolver nos anos que se seguiram. Daí que tenha sido possível em 1983 a criação de um bloco central. O PPD/PSD e o PS são partidos do centro democrático, do arco da governação, porque para além de vários pontos em comum, também partilhavam a ideia de um Estado interventivo, social e motor de desenvolvimento.
A especulação vem agora. O que seria de Portugal se o trágico acidente não se tem dado? Porventura, Cavaco Silva nunca teria chegado a primeiro-ministro. Se assim tivesse sucedido, de certeza que já não teria tido a hipótese de enterrar Portugal em betão, abandonando a agricultura, as pescas e as florestas. Ao contrário do que agora resolveu apregoar em jeito de fuga para a frente, tentando, como sempre conseguiu, passar entre os pingos da chuva.
E se não tivesse sido primeiro-ministro, talvez Cavaco não tivesse conseguido arranjar margem de manobra para ser eleito Presidente da República. O pior, mais insensato e mais irresponsável da história da democracia em Portugal. Porque cala a traição feita ao PPD de Sá Carneiro por este bando de garotos disfarçados de estadistas e enfarpelados de governantes. Porque permite com o seu silêncio facebookiano a deriva liberal de um partido que tem nas suas raízes, as pessoas, o Estado e o desenvolvimento da economia.
Por último, talvez Sá Carneiro fosse neste momento o nosso PR, e com muita sorte, talvez Passos Coelho, Gaspar, Relvas e companhia nunca tivessem tido a oportunidade de desbaratar o legado de Sá Carneiro e com isso enterrar o país no lodo e na miséria...

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A vaca e o burro

O burro por ser uma espécie em vias de extinção precisa de ser saneado dos anais da história. Expressões como "E o burro sou eu?" podem tornar-se anacrónicas e incompreensíveis para o comum dos mortais. O Papa, prevendo a sua extinção a breve prazo, resolveu, numa tirada messiânica eliminá-lo do presépio, como testemunha do nascimento de Cristo. Assim, por esta via, estará garantida a fé dos homens nos próximos séculos. Seria o caso de, aquando do nascimento do Salvador, uma das suas testemunhas principais ter sido um dinossauro. Como tal não era possível, porque à data tal espécie já teria sido vaporizada há milhares de anos, não fazia sentido daqui a cem ou mais anos, que ao lado de Maria Nossa Senhora, acabada de parir o Messias, estivesse um burro, espécie já extinta e impossível de reproduzir e santificar.
Já o caso da vaca é diferente. Também não faz qualquer sentido que num par de testemunhas de Jeová, exista uma vaca sem estar acompanhada de um burro. Na presente realidade, a premissa mantém-se. Personificando as espécies, todos podemos assistir na rua ou noutro sítio qualquer, que assim é efectivamente. Se qualquer vaca estiver acompanhada do seu macho, é mais que óbvio, que o macho só pode ser burro. Assim, a vaca foi também afastada do cenário.
Mas só isto não chega. Numa visão estratégica de futuro, o Vaticano foi ainda mais longe e apagou dos céus a estrela que guiou os Reis Magos até à manjedoura onde repousava o menino. Também faz sentido. Ninguém percebe porque é que três artolas tenham decidido seguir uma estrela. Seria o mesmo que durante uma grande tertúlia bem regada, qualquer de nós se decidisse teimosamente a fixar um ponto de luz no céu e segui-la com o olhar na esperança de que esta nos levasse a casa.
A fé dos homens tem caminhos insondáveis, e mesmo após séculos de escândalos, mortes, censuras, parábolas e interpretações duvidosas, continua para mim um mistério como é que alguém é capaz de engolir estas patranhas. Agora foi a vez do burro, da vaca e da estrela. O Papa esteve lá e atesta que estes não estavam. Qualquer dia não estava lá ninguém e os Reis Magos dormiram no primeiro estábulo que encontraram para curar a bebedeira.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O salva-vidas que espera pelo afogamento

O barulho... tanto ruído... todos falam e ninguém se entende, mas sobretudo o que espanta é que não haja acção. Cimeira após cimeira, conselho atrás de conselho, reunião depois de reunião e a Europa não consegue um salto de fé que a faça unir-se em volta de uma ideia que já foi muito boa. À falta de responsabilidade de uns junta-se a falta de solidariedade de outros, a magna carta social e democrática, de expansão e desenvolvimento foi substituída pela cartilha de intenções e destruidora de um estado social que ninguém está disposto a continuar a pagar. Ou está? Na Alemanha o estado social avança e aumenta sob a égide da austeridade. Se é verdade que são eles que pagam, também é verdade que são eles que beneficiam. E não se iludam, vão receber em juros, muito mais do que pagarão. Aí não corremos o risco que a torneira feche. O risco é que a situação se prolongue ao largo do Atlântico, em países com água pelos joelhos, sem esperança e amordaçados, esperando que a água não suba.
O que o OE de 2013 faz à economia em Portugal é virar o país dos avessos, de pernas para o ar, e onde a água chegava aos joelhos, chegará ao pescoço porque a cabeça está dentro de água. O afogamento é mais que previsível, menos para os salva-vidas embriagados de ideologias cegas, que olham do alto da cadeira, avaliando sem trégua, se o resultado  por eles estimado será um ou outro, ansiosos pelos amanhãs que hão-de vir, numa panaceia lenta e mortal, calculada sem qualquer visão estratégica por um qualquer Gaspar de serviço. A ansiedade de uma previsão que não chega, pode e deve afogar a vítima, que depois de morta não adianta salvar. Este OE é injusto, recessivo e de lesa-pátria, aumenta impostos de forma brutal e indiscriminada, acaba com o estado social ou assim pretende, elimina a classe média que sustenta o país, arrasa os trabalhadores, termina com as pequenas e médias empresas afogadas em IVA que também sustentam o país, a massa crítica que produz; e protege os 'boys' do costume, os gestores que ganham como sempre e os grandes interesses que roubam como nunca.
A ver vamos se o OE para 2013 não é inconstitucional... uma especialidade deste governo.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ouvido há momentos...

Paulo Simões Júlio, Secretário de Estado da Administração Local e Reforma Administrativa disse há pouco no programa 'Prós e Contras' que em muitas juntas de freguesia o presidente é o pai, o tesoureiro é o filho e o secretário é da família, e portanto está em causa a transparência democrática.
Com um argumento destes converti-me em definitivo à reforma administrativa...

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Chaves na penumbra

A penumbra que desce sobre o vale dá aquela sensação de inverno triste e apagado. As ruas desertas e escuras porque o município endividado tem que poupar na electricidade, quando a cidade devia estar eléctrica, tornam o ambiente soturno e frio. Lojas abandonadas, empresas fechadas, desemprego, o estado do país tem aqui um reflexo agonizante. Uma faixa de luto cobre o tribunal ali ao lado, abandonado de advogados e ausente de rebuliço, numa luta desigual contra um sistema que não quer ser coeso. O estado social não passou por ali, nem pelo hospital, numa cidade estática e esquecida, que vive dos serviços que lhe querem furtar, em nome da crise e de uma política centralista sempre contra o interior ostracizado e as populações marginalizadas por autarcas e governantes de chapéu estendido à espera de esmola.
A falácia e o engano já não pegam aqui. As burlas de 'Lesboa' já não enganam ninguém, mas as forças foram-se perdendo por inércia de quem devia tê-la, e por cansaço de quem já não acredita em nada. O estado social que fundou a democracia, que conduz à coesão social, que protege quem está desprotegido e os ajuda a levantar a cabeça, que garante a todos oportunidades iguais, que redistribui a riqueza, que aproxima e iguala, há muito que não chega aqui, agora é pior.
A cegueira centralista ruge agora com este ataque final de ajuste de contas a anos de progressão e conquista desde a II Grande Guerra. Anos de paz, social e progressista, que desembocaram na oportunidade que a ganância do capital esperava e levou à derrocada.
Aqui, nunca fomos iguais aos outros, mas só em oportunidades, porque o espírito e a alma nunca ninguém será capaz de dominar.
O abandono de gentes distantes é o abandono do país de quem não sabe nem conhece os seus encantos e hospitalidade, gastronomia e liberdade. A inocência perdeu-se algures no caminho, agora que finalmente chegou a autoestrada, e a justiça nunca mais chegará.
Se é verdade que o país permitiu que a crise internacional se ajustasse à medida, por erros e enganos de governos, gestores e banqueiros, aqui a crise já estava instalada. A crise de saberes e sabores, a crise de cultura, de progresso e de crescimento. Os últimos 11 anos foram de catástrofe para a cidade, e de atraso para o concelho. E a crise instalou-se mesmo à medida. O empurrão deu o executivo autárquico, a machadada o executivo de 'Lesboa'. Mas eu sei que esta gente nunca levará o empurrão ou a machadada final. 'Para cá do Marão, mandam os que cá estão.'

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O estado do Estado

O direito à greve é um direito fundamental de qualquer democracia. É inalienável e constitucionalmente garantido. Não me interessa se se banaliza ou não. Se houver greve todos os dias, todos os dias ela é legal e garantia de um direito e de um estado livre e democrático.
O argumento da produtividade do país é usado por quem não reconhece que haja quem tenha o direito e motivos para usar da sua liberdade para manifestar o seu descontentamento. E isso é tudo a que corresponde o direito à greve.
Cavaco disse ironicamente que tinha estado a trabalhar. Passos Coelho elogiou quem tinha estado a trabalhar e num acervo de atrevimento bacoco elogiou os desempregados. Eu elogio quem teve coragem de aderir à greve. Hoje em dia é preciso muita coragem e fôlego.
O direito à manifestação é um direito fundamental de qualquer democracia. É inalienável e constitucionalmente garantido. Não me interessa se se banaliza ou não. Se houver manifestações todos os dias, todos os dias elas são garantia de um direito e de um estado livre e democrático.
Coisa diferente é o uso de violência, a desobediência e a provocação. Durante hora e meia um bando (uma dúzia) de energúmenos provocou e agrediu de várias formas as forças policiais presentes na AR. A carga policial foi mais que justificada. O direito à greve e à manifestação não se confunde com distúrbios, ameaças e agressões. Manifestar descontentamento não é provocar desacatos, não corresponde a qualquer tipo de violência e não é forma de poder reivindicar seja o que for. Até porque só serviu para desacreditar as manifestações e abafar a estrondosa adesão à greve, talvez a maior dos últimos 30 anos.
Também não se pode confundir manifestantes com agitadores, e aí a linha que os separa é muito ténue quando chega a hora da carga policial.
A AR é a casa da democracia e entendo que não deve ser aí o alvo do descontentamento. O alvo deve ser o governo. O governo é que é o responsável pelo agudizar da crise, pela recessão, pelo galopar do desemprego e da miséria, que ao contrário do que diz Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar!?, existe e cada vez mais. É o governo que permite o passear pavoneante de Merkel em Lisboa, acompanhada de empresários vampirescos atraídos pelo cheiro de privatizações baratuchas. É o governo que falhou e falha em todas as previsões, números, execuções, consolidações e concertações. Que se diz social democrata, e rasga todos os seus princípios de base. Que ataca o estado social como se fosse o principal problema enquanto a professora Merkel investe milhares de milhões no estado social alemão à pala dos resgatados, austerizados e bons alunos. Enquanto Sá Carneiro dá voltas no caixão, é este governo que continua a bancar a banca de casino e os gestores milionários, dos angolanos e do BPN, das PPP's e dos merceeiros da política,  em detrimento dos trabalhadores e da coesão social, da justiça e da economia, do crescimento e do emprego, da saúde e da educação, da classe média e de todo o estado. É este governo que usa a crise para ajustar contas com o pacto social que vem sendo conquistado e construído desde a Segunda Guerra Mundial.
A violência usada por este governo é diferente daquela a que se assistiu hoje, mas é muito mais arrasadora.
Acho curioso que o governo tenha aumentado em 10% os salários das forças de intervenção. Espero que a guerra ao estado social não signifique a sua substituição por um estado policial, porque assim toda a violência será justificável. Fascismo nunca mais, mas eles andam aí...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Sentimento de culpa

A luta pelos nossos direitos equivale a lutar pelo nosso futuro, mas sobretudo pelo dos nossos filhos.
Quando nos dizem que é preciso empobrecer porque andamos anos a fio a viver acima das nossas possibilidades, é também necessário que nos expliquem porque é que o país andou a ser governado anos a fio com défice em cima de défice e dívida em cima de dívida, empurrando com a barriga aquilo que outros comiam com os olhos.
Quando nos dizem que temos que cortar tudo a todos, doa o que doer, é também preciso que nos expliquem porque nos vendem os centros decisores e estratégicos do país em leilões mais ou menos duvidosos, hipotecando o futuro em rendas e lugares pagos a peso de ouro.
Quando nos dizem que é preciso refundar o estado social porque não se sustenta a si próprio, é também obrigatório que nos digam porque falhou em toda a linha a execução orçamental e porque é que a banca continua a obter lucros sensacionais em época de crise. É preciso que nos digam porque é que a quinta avaliação da troika nos colocou ao nível grego e agora exige os cortes na despesa que já deviam estar feitos e porque é que o empréstimo que nos dão só serve para pagar juros e alavancar o sistema bancário de casino.
Quando nos dizem que a austeridade é o caminho e um fim em si mesmo, é urgente que nos expliquem porque é que a dívida e o défice continuam a aumentar. Porque é que a banca continua desregulada e porque é que apenas se aplicam as medidas 'fáceis' de aumento de impostos.
Quando nos dizem que todos somos culpados da crise, é também necessário que nos expliquem porque é que aumentaram salários acima da inflação, porque aumentaram impostos a um nível que só facilita a fuga ao fisco e a quebra de consumo, a recessão e os truques contabilísticos com os fundos de  pensões. Que nos digam porque é que as populações hão-de pagar a deslocação centralista dos tribunais e da justiça, que contas feitas ainda sai mais caro ao estado, porque é que se permite que se aposte nos casinos da banca com o dinheiro da segurança social que perdeu milhões para os Ulrich's do sistema. 
Quando nos dizem que a maratona vai a meio, que nos expliquem porque é que não se removem os obstáculos, em vez de zigue-zaguear ao som do que se ouve na rua, em vez de parar para pensar, em vez de deixar que sejam sempre os mesmos a empobrecer.
A verdade é que somos todos culpados, que vivemos acima das nossas possibilidades, que permitimos tudo, festejamos com o que não tínhamos, com o euro e por causa dele, mas perdoar-me-ão, uns são mais culpados do que outros... não me importa agora saber quem é mais culpado, começando lá fora em Reagan e acabando no recém eleito flop Obama, e cá dentro começando em Cavaco e até hoje todos tiveram a sua quota-parte.
A democracia está doente, o capitalismo selvagem continua o seu assalto, e quem tem responsabilidades é que o permite, por todo o lado.
Porque não nos explicam que a banca apesar de ser um sector fundamental é dos sectores que mais contribuiu para a crise actual, desde a desregulação do século XX, com gestores que apenas visavam os dividendos e os prémios, apostando tudo desde seguros a casas e contra eles próprios, da crise do subprime à crise das dívidas soberanas que os vieram salvar por causa da cláusula 'too big to fall'. Que foram os partidos e os governantes que permitiram a ascensão e a queda dos derivados e que permitem que tudo continue na mesma.
Porque não nos explicam que foram os sucessivos erros e má governação que permitiram PPP's usurárias para o estado, em que o lucro era para as empresas amigas e os riscos para o contribuinte, feitas com pareceres milionários e prémios pornográficos para os do costume.
Porque não nos explicam porque só cortaram três fundações e zero empresas municipais.
A culpa do cidadão eleitor e contribuinte está a ser expiada, a dos outros vamos exigi-la na rua, para o bem ou para o mal. Já chega!!! E não me venham depois dizer que o país é ingovernável, se o for a culpa não é minha...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A refundação do país e do Tribunal de Chaves

Sentido de presença de espírito e de bom senso é coisa muito rara em Portugal. E então se estivermos a referir-nos à classe política o deserto é a regra entre alguns oásis. O chico-espertismo latente e inato ao comum dos portugueses revela-se em doses extra quando ele chega a deter algum poder, portanto, dotado do iluminismo divino que deriva do poder mandar e desmandar numas coisitas.
Se essas coisitas disserem respeito à maioria dos seus conterrâneos ou dos outros todos, o poder é supremo, numa relação de senhor e súbditos. A teimosia e a arrogância redundam em lugares comuns, em discursos redondos e enrolados, às vezes feitos de ideologias cegas, outras mais sem qualquer ideia, resumindo toda a actividade a operações contabilísticas de estratégias populistas e de interesses, quase sempre pessoais.
Neste estilo incoerente, tantas vezes ignorante, a incompetência marca o passo, e o passo calculista dá o mote para todo o percurso.
Quem consegue falar muito sem dizer nada e sem se comprometer com nada chega sempre mais longe, com palmadas nas costas dos que já deram as lambidelas de bota necessárias a um posto senhorial mais elevado, e obviamente com maiores benesses. Sempre à custa do chico-esperto que também fala muito, mas no final das contas, come e cala. Geralmente, também, quem não cala, tem a razão do seu lado, e isso, é o que conta.
É o exemplo do país e da sua nova 'refundação' do memorando, e, em Chaves do seu Tribunal...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Teste à paciência (só para ver se tem limites como dizem)

TSU sim, TSU não... mais meia hora de trabalho sim, a seguir não... cortes nos subsídios de desemprego mais baixos, primeiro sim, depois já não... o governo lá vai apalpando terreno, como faria um recém cego, imune às críticas à sua política de lesa pátria; de todo o lado, de dentro dos próprios partidos da coligação ao FMI.
A política de terra queimada, de anunciar primeiro, testar, ouvir as manif's, as críticas e a reacção, para depois recuar numa pirueta encarpada à retaguarda, é uma espécie de escola sabática com contornos de ligeireza académica. Porventura apreendida num curso qualquer de geopolítica estratégica feito com 90% de equivalências.
Mota Soares aprendeu bem a doutrina dos mestres Gaspar, Coelho e Relvas... E tão crítico que ele era da política social quando estava na oposição. Tão defensor dos pobres, dos desempregados, dos trabalhadores e pensionistas, dos agricultores, assim como o Paulinho das feiras.
A falta de rigor, de competência, de critério e de coerência é gritante. A falta de respeito é ainda maior. E a falta de vergonha na cara, essa, é fascinante.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Esbulho assistido

2013 será o ano do maior esbulho fiscal a que já assistimos em Portugal. Ao contrário do que Passos Coelho anunciou no Pontal, 2013 não será o ano da retoma económica do país. Essas declarações populistas e feitas por quem não tem ideia nenhuma do que anda a fazer, nem sequer estava preparado para assumir as funções de primeiro ministro, reforçam a ideia de que se guia por uma cartilha ideológica e sem qualquer noção da realidade do país e da economia.
O desastre chegará ainda pior do que o já anunciado. Um ano de miséria social e com o desabar definitivo da classe média asfixiada. O estado calamitoso da economia agravar-se-á, agora que se sabe que o OE para 2013 prevê que 80% da sua notação venha do lado da receita. A dose de austeridade experimentada em Portugal por este governo fará exponenciar o desemprego, a pobreza e a recessão. Toda a gente sabe, até o CDS/PP, que ameaça a qualquer momento romper com a coligação e mergulhar o país no desastre final. E a culpa, meus amigos, doa a quem doer, é de Coelho, Gaspar, Relvas e companhia limitada.
Até a presidente do FMI veio finalmente reconhecer que o medicamento aplicado em Portugal poderá a breve prazo acabar por matá-lo e defendeu um travão na austeridade. Até o Álvaro, ministro da economia e de mais seis ou sete coisas, já concordou que sem crescimento será impossível pagar a dívida. Deverá ser o primeiro a ser 'remodelado'... Cavaco, com tanto sítio onde discursou, resolveu desabafar no facebook, como um teenager arrependido. Portas mantém um silêncio envergonhado e misterioso.
2013 será pior se Gaspar e companhia continuarem cegos teimosos de cartilha na mão. Esta hipocrisia de casino, austera como um cobrador de fraque, que rouba aos pobres para dar aos ricos, que ignora, arrogante, trabalhadores e reformados, como se fossem chulos, depois de entregarem as suas reformas, os seus salários cada vez mais miseráveis, a um qualquer Borges em comissão de serviço.
O fiasco deste governo será o fiasco do país, e aí é que reside a grande questão do momento. Ou se muda de atitude, ou se muda de governo. Chegou a hora de sacar o travão de mão. Porque este governo falhou e traiu todas as expectativas, metas e princípios... 2013 será de mais recessão, de mais pobreza, de falhanço de contas e de metas, de défice e de desemprego. É chegada a hora de recusar o suicídio assistido a que nos querem condenar...

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A barbárie chegou à escola

Segundo esta notícia do Correio da Manhã, já confirmada, apesar da fonte, na EB1 n.º 2 de Quarteira em Loulé, houve uma criança que foi impedida de almoçar, porque, alegadamente, os pais têm uma dívida para com a escola no valor de 30€.
Como se não bastasse, a criança foi obrigada a sentar-se ao lado dos colegas, a assistir enquanto aqueles almoçavam.
A barbárie desumana foi defendida e promovida pela directora da escola, de seu nome, Conceição Bernardes. Deixo o nome bem explícito e a 'negrito', para que quem a conheça se envergonhe de a cumprimentar. O despudor é tanto, e a falta de sensibilidade é tão grande, que uma funcionária terá tentado oferecer o almoço à criança, mas foi impedida pela supra referida directora.
Tal acto deverá ser alvo de inquérito disciplinar e criminal. Não nos podemos dar ao luxo de, nestes tempos, permitir que a crise tudo justifique, inclusive a selvajaria e a barbárie, sobretudo quando cometidas contra crianças, que como tal, são inocentes em todo o processo.
Permitir ou não, é a diferença entre a civilização e a barbárie...

Em baixo, uma missiva enviada pela Lúcia Gomes, que desde já solicito a todos que se sentem indignados por ver recusada comida a uma criança, enviem para os seguintes mail's:
info@eb1-n2-quarteira.rcts.pt; gestao.esla@gmail.com; cmloule@cm-loule.pt; dge@dge.mec.pt


"Exmos. (as) Senhores (as),

face à notícia da edição do Correio da Manhã do dia de hoje, não posso deixar de manifestar o maior repúdio pelo sucedido e pelas declarações da Directora da Escola E.B.1 de Loulé.
Informo V.Exas. que o sucedido configura a prática de um crime de maus tratos a menores, a quem foi confiada a sua educação (!), crime previsto e punido pelo artigo 152º – A do Código Penal. Visto tratar-se de um crime público, efectuei já a competente queixa crime contra a Directora da referida escola.
Espero que da parte do Município seja aberto o competente processo disciplinar com vista ao despedimento e a proibição imediata do contacto dessa senhora com as crianças.
É, de todo, inadmissível, que, confrontada com a situação tenha respondido com o facto de ter avisado as famílias e que estas foram negligentes.
É dever de qualquer pessoa, até por mera questão de civismo e humanismo, respeitar as crianças. Essa senhora não só não respeitou, como violentou desumanamente e impediu que uma funcionária fosse ao seu auxílio.
É indescritível e inadmissível o sucedido. E mais o será se o agrupamento nada fizer.

Com os melhores cumprimentos,"

sábado, 13 de outubro de 2012

D. José Policarpo é inconstitucional

D. José Policarpo é inconstitucional. Por duas razões: a primeira é que a nossa Constituição consagra o princípio do Estado laico, ou seja, o Estado não tem religião, nem se mistura política com esta.
Já sabemos que em Portugal a maioria católica nem quer saber de tal princípio. E é por isso que padres, bispos e cardeais se dão ao luxo de dar opiniões políticas, querendo com isso influenciar os súbditos leais e cegos de fé, acrescentando aquele discurso paternalista e condescendente de quem é iluminado pelo espírito santo, de quem por ser e parecer, parece que é mas não é. Cristo que foi Cristo não agradou a todos, mas também não me lembro de qualquer parábola ou passagem bíblica em que este tivesse discutido qualquer querela política, com toda a profundidade e insuspeita sabedoria que tal facto poderia ocasionar.
A segunda razão tem a ver com as próprias declarações do santo cardeal. Ao afirmar que "a democracia na rua corrompe a democracia" e "a democracia está na rua" e ainda "os problemas não se resolvem contestando, indo para grandes manifestações", D. José deu um pontapé na Constituição, no direito à manifestação, à opinião e à liberdade. Coisas de pouco interesse, que são só os pilares básicos de qualquer democracia.
No entanto, para quem está habituado a pastorar rebanhos, que baixam as orelhas quando ouvem a palavra de Deus, dizem Ámen a tudo, em uníssono, numa ladainha decorada do estilo de "O senhor é meu pastor" e "eu sou o cordeiro de Deus" que ouve e cala sem questionar nada, o cardeal José Policarpo 'Cerejeira' provavelmente sentir-se-ia bem melhor há 40 anos, em que era bem mais fácil a actividade de pastor.
Questionar Deus, a igreja, a religião e o governo são coisas do 'demo', de ovelhas negras que saíram do rebanho... afinal a democracia não começa no Povo, antes está nas instituições e nos homens que as guiam. Eleitos ou não...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

PGR


Voa, voa, Joaninha voa...
Mas tem cuidado em Lisboa.
Principalmente com a loira que tutela a Justiça!


PS- Cândida Almeida deve estar a esta hora a coser os lábios da sua grande boca...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A República ao contrário

A República está ferida, moribunda...
Cavaco Silva fez um discurso do dia 5 de Outubro passando ao de leve na crise, calando a revolta e a desgraça a que se assiste no país. Nada disse sobre a República, nada disse sobre nada. Ao invés do que fez quando Sócrates era primeiro ministro e quando se revelou líder da oposição...
Mudou-se o sítio da cerimónia, fecharam-se as portas ao Povo e Passos Coelho foi ter com os amigos da coesão. A República não lhes diz nada, e a democracia se calhar também não.
Vítor Gaspar insulta os deputados, na sua verborreia zombie, com uma citação de quem não diz o que sabe, nem sabe o que diz.
A tirada salazarista de "o Povo português é o melhor do mundo", imediatamente a seguir ao assalto que sobre ele dirigiu, é o maior insulto, gozo e dislate que me lembro de ter ouvido. É daqueles de chapada na cara.
A democracia, filha da República, está ferida... espero que não esteja ferida de morte, ou assistiremos a 1926, cem anos depois. A fraqueza das instituições democráticas e do regime republicano de Estado de direito pode abrir caminho, como a história já nos ensinou, a um regime totalitário, policial e fascista.
Não deixa de ser simbólico o hastear da bandeira nacional ao contrário.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Photoshop mal intencionado

"Enorme aumento de impostos", a frase de Vítor Gaspar soou como uma bomba. Não porque não se soubesse que o que ele estava a anunciar é de facto o maior choque fiscal que alguma vez se apresentou ao país, mas porque a ligeireza com que o disse faz com que já não haja dúvidas quanto à falta de ética social, falta de respeito por quem trabalha, falta de visão estratégica, numa economia depauperada e que agora levará a machadada definitiva. Vindo de quem chumbou o PEC IV, já aprovado em Berlim e Bruxelas, porque, se bem se lembram, a austeridade tinha atingido o limite do suportável.  Agora, quebra de poupança, quebra de consumo, menos produtividade, mais défice, mais recessão, mais evasão fiscal, menor execução orçamental por via de menor cobrança de impostos, maior desemprego, querem um desenho???
A  ideologia pura e cega, comanda a política deste governo, que em apenas 18 meses já entrou para a história de Portugal como o pior de sempre, o mais imbecil, atafulhado de ministros zombies, cigarras de pêlo na venta, que se aquecem no inverno à custa das formigas. Eles e os outros. Gestores, administradores, assessores, corredores, ascensores e ditadores.
Quanto ao anúncio de Vítor Gaspar é assim como que uma lavagem cerebral, revista em photoshop, do estilo da promoção lisboeta em que se tiraram aqui e acolá uns prédiozitos que estavam a tapar as vistas. Aqui foi ao contrário, acrescentam-se alguns para tapar o sol com a peneira. Umas medidazitas anunciadas para taxar o capital, a fugir, sem nunca dizer nada de concreto. O aumento da tributação sobre os rendimentos do capital ficou sem qualquer alteração. A taxa liberatória mantém-se como até aqui. O que foi anunciado foi a intenção de mexer nisso, mas mais nada. Assim como a intenção de aplicar uma taxa sobre transacções financeiras. Anuncia-se a intenção. De boas intenções...
Quanto ao IRS e ao IMI, bem, aí não houve dúvidas. Sobretaxa de 4% mais corte nos escalões, o que equivale a dizer que os subsídios que se devolvem com uma mão à função pública, reformados e pensionistas é tirada com a outra. O mesmo que dar um chupa a uma criança e tirá-lo assim que ela o mete à boca. Dá choradeira de certeza. sem mais contemplações.
No IMI elimina-se a cláusula de salvaguarda e entram em vigor as actualizações dos prédios com recurso ao google... mais valia usarem photoshop e acrescentar prédios onde houver floresta.
Já não há imaginação que não dê só para o aumento de impostos e de receita. A qualquer preço, nem que seja privatizar empresas do sector estratégico do Estado por uns míseros trocos, ou a um qualquer colombiano, chinês ou marciano.
O grande corte na despesa foi para os subsídios aos deficientes! e a extinção de 3 fundações! Vítor Gaspar parece o Mr. Bean a fazer de ministro. E depois disso não é preciso dizer mais nada... nem esperar mais nada, a não ser o colapso definitivo da economia e do país.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

TOP Chef Setembro'12

Quentes

Povo Português
Grandes demonstrações de cidadania e de espírito democrático em diversas manifestações serenas e ordeiras, sem deixarem de ser significativas, eficazes e influentes.

Pinto Monteiro
Procurador Geral da República
Entrevista esclarecedora onde denuncia escutas ilegais praticadas por forças policiais e a politização do Ministério Público, nomeadamente no caso Freeport.

Cavaco Silva
Presidente da República
Conseguiu neste mês pôr alguma água na fervura e exercer alguma influência junto do governo. O Conselho de Estado foi um bom exemplo de uma magistratura que se quer mais activa...

Assembleia Municipal de Chaves e Grupo Parlamentar do PS de Chaves
Estrondosa vitória o chumbo da reorganização administrativa para o concelho de Chaves proposta pelo Grupo Parlamentar do PSD. Uma proposta assente em critérios políticos e eleitorais, que não os legalmente impostos e que não servem as populações. Paula Barros é o rosto dessa vitória.
  
G.D.Chaves e F.C.Porto
    Os meus emblemas do coração, por terem estado de parabéns, mas também pela liderança dos respectivos escalões de futebol.


FRIOS

Paulo Portas
Ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do CDS/PP
A falta de solidariedade perante o parceiro de coligação, visando apenas capitalizar futuros votos, com total irresponsabilidade mostra o carácter já visto noutras alturas de alguém que quer ser ministro e líder da oposição ao mesmo tempo, tentando passar entre os pingos da chuva.
  
Passos Coelho
Primeiro Ministro
A rábula atabalhoada da TSU, o passo atrás e as críticas unânimes de trabalhadores e patrões, já seriam suficientes. Juntar-lhe a montanha parida de rato que significou a extinção de 3! fundações num universo de 400 e o aumento de impostos no IRS, com corte de escalões ou não, e temos um Primeiro Ministro coxo e gravemente ferido. No fundo o fracasso da sua política cega e de remendos pontuais. Alguém falava de navegação á vista...

Vítor Gaspar
Ministro das Finanças
6,8% de défice no 1º semestre deste ano, péssima execução orçamental e a economia praticamente destruída. Os números não abonam nada a favor de um ministro que é apenas contabilista.

Miguel Relvas
Ministro de Estado e dos Assuntos Parlamentares
O nº 2 do governo e mão direita de Passos resolveu passar umas férias de 10 dias no Brasil enquanto o país ardia... Estará sempre gelado enquanto não for 'remodelado'.

Paulo Campos, Mário Lino e António Mendonça
Respectivamente ex-secretário de Estado das Obras Públicas e ex-Ministros das Obras Públicas
Não há como negar que durante os seus mandatos algumas PPP's empobreceram o país. As suspeitas de corrupção não ajudam em nada.

Paula Teixeira da Cruz
Ministra da Justiça
Para quem tanto critica o discurso de Marinho e Pinto, as suas declarações face às buscas realizadas a ex-governantes do PS, em que declarou que o "tempo da impunidade acabou", são no mínimo manchas de lama para quem tem obrigação de saber que existe um princípio do direito que diz que toda a gente é considerada inocente até prova em contrário. O seu estilo ditatorial é uma nódoa da Justiça, sobretudo quando os visados ainda nem sequer foram constituídos arguidos. As sua declarações fazem depreender que é o seu Ministério que conduz as investigações, quando o MP é, como se sabe, independente do poder político.

Oliveira da Silva
Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida
A sua proposta de racionamento dos medicamentos mais caros é uma pedra no sapato de quem já se devia ter demitido.

Luís Filipe Vieira
Presidente do SLB
O chumbo das contas - talvez por alguém ter dado conta de que o Witsel afinal só foi vendido por 23 milhões de euros -, a contestação e abandonar a assembleia geral escoltado por seguranças é de fazer pensar.

António Borges
Conselheiro do governo para as privatizações
A sua altivez mesquinha de superior pensador, fez com que insultasse milhares de empresários, apenas porque não concordaram com uma decisão do governo. Provavelmente pensada pelo intelecto demolidor do próprio Borges, a medida da TSU só estará ao alcance e compreensão de iluminados como o Borges, que é Ministro sem pasta encarregue de vender o país, e pago principescamente.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Racionar ou racionalizar

Racionar, em bom português, quer dizer, limitar os bens que se podem adquirir, tal como as célebres filas e senhas para o pão ou para o leite. Podemos assistir a isso e a bem pior na África Subsariana ou nalguns países da Ásia. No esquecido terceiro mundo, que nunca na Europa, claro está.
Racionalizar, significa, tornar mais eficiente.
Quando nos dizem que temos que racionar, em vez de racionalizar, alguma coisa está a correr mal. Ou os bens são escassos, e aí é considerado bem de luxo, e só algumas carteiras lhes podem chegar, ou não são, e então significa que não racionalizámos quando devíamos, e agora tem que se racionar.
Claro está, que um determinado bem, pode ser escasso num sítio e abundante noutro. Nos países de terceiro mundo a comida não abunda, como se sabe, mas não se quer lembrar. Noutros países, ditos desenvolvidos, o excesso de peso é um problema que começa a ser encarado como de saúde pública.
E quando nos dizem, que temos que racionar os medicamentos mais caros no nosso SNS, estão a dizer-nos que os médicos passarão a ter também a função de contabilistas. Significa que o fundo do poço está aí ao virar da esquina. Quer dizer que os medicamentos em Portugal podem ser bens de luxo, e que uma vida humana vale tanto consoante o custo do seu tratamento.
Miguel Oliveira da Silva, Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, disse que, e passo a citar "vivemos numa sociedade em que, independentemente das restrições orçamentais, não é possível, em termos de cuidados de saúde, todos terem acesso a tudo".
Eu gostava de viver numa sociedade em que, ao nível dos cuidados de saúde, todos pudessem ter acesso a tudo, começando, se calhar por racionalizar as despesas do Estado noutras áreas, nomeadamente em regalias e reformas milionárias pré-adquiridas antes de tempo, ou se calhar em assessores manhosos com ranho no nariz, ou no número de seguranças e motoristas, ou nos gastos em empresas municipais que só servem e de que se servem os boys. Ou em submarinos, ou nas PPP's urdidas em contratos ruinosos para o Estado mas garantia de milhões para meia dúzia de trapaceiros, ou em pareceres de rodapé também eles usurários, ou em empresas públicas inúteis e de interesses duvidosos, ou nos salários vergonhosos das outras empresas públicas, ou não racionar receitas em vez de racionalizar a despesa, ou não nomear tecnocratas e contabilistas para cargos e ministérios que exigem política a sério e preocupação séria com o serviço público que nos é devido, nomeadamente na saúde e nas finanças.
Gostava de viver num país onde primeiro se racionalizasse para depois não ser necessário racionar, como noutros países mais a Sul. E gostava de saber quanto aufere de salário o sr. Miguel Silva e se tem ajudas de custo, e motorista e segurança e carro de Estado... Mas mesmo que não tenha, não lhe desejo que o Estado tenha um dia de racionar nos medicamentos que lhe poderão um dia, por mera hipótese académica, salvar-lhe a vida...

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Brothers in Arms

Os olhos pequeninos, as pálpebras rendidas, piscam lentas combatendo o sono... Ao colo da mãe ouve uma melodia que não percebe, mas que acalma. 'Brothers in Arms' dos Dire Straits. A guitarra canta como um coro envolvendo os sonhos. A paz chega de mansinho ao som de carícias, ternuras que espero leves para a 'guerra'. Afago o seu olhar com um beijo. Fotografo para sempre na memória o momento da rendição. Ao colo da mãe. O quadro pintado junto ao sofá é daqueles porque sempre esperei. Em tempos de cólera, algumas coisas boas são eternas.



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Sem comentários

"Lisboa, 1 de Janeiro de 2012
Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho de Administração da Radiotelevisão Portuguesa
Quero manifestar-lhe a minha total disponibilidade para ocupar o cargo de correspondente da Radiotelevisão Portuguesa na capital dos Estados Unidos da América.
É função que conheço bem e que desempenhei entre 1991 e 1997 nas presidências de George Bush (pai) e de Bill Clinton tendo sido até hoje o único jornalista português com acreditação permanente simultaneamente na Casa Branca, Departamento de Estado, Pentágono e Congresso dos Estados Unido.
Sendo este um ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos e dado o melindre da situação económica e financeira mundial, seria com entusiasmo e grande motivação que aceitaria a tarefa de trabalhar na colheita e divulgação de material noticioso naquele país, nas várias plataformas da RTP coordenadas por V. Exa.
Aproveito para lhe enviar com os meus cumprimentos os desejos de felicidades pessoais e profissionais neste ano que começa."

 Mário Crespo

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Serviço público

Um exemplo de serviço público hoje na RTP...
(carregar no link em baixo)




Em simultâneo na TVI, Teresa Guilherme e a Casa dos Degredos... 3!!!
 

PS- Conselho de Coordenação da Coligação?!?!? Já quase nada me surpreende...

 

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Mais um dia que passa

Mário Crespo foi correspondente durante vários anos da RTP nos EUA. Em 1998, a RTP porque não tinha dinheiro para lhe pagar as mordomias, a que um correspondente de alto gabarito como ele tinha direito e adquirido, mandou-o regressar a Portugal. A ganhar um terço do salário, obviamente. Mário Crespo, como profissional do jornalismo de exceção, como o próprio gosta de afirmar, sentiu-se ofendido e resolveu processar a RTP. Após 3 anos, e uma indemnização choruda no bolso, daquelas que agora não se  pagam a nenhum trabalhador, ingressou na SIC notícias.
E começou a sua vendetta pessoal contra a RTP e contra os que o tinham 'despedido'.
Entretanto, foi corrido do Jornal de Notícias porque este se negou a publicar um artigo de opinião sobre mexericos e 'dizquedizque', acerca de uma alegada conversa que alguém lhe terá contado, e que tinha ouvido a Sócrates num qualquer restaurante. O homem para além de ressabiado, é 'cusco' e intriguista. Nada como uma boa intriga, para o jornalismo de rigor que Mário Crespo representa ser alvo da tão desejada notícia, com direito a 1ª página.
Após este episódio, desmentido pelos supostos 'bufos' da tal conversa, Mário Crespo foi corrido do Expresso. Num artigo de opinião, o jornalista catedrático criticava uma opinião de um colega do jornal, no caso Miguel Sousa Tavares.
Isto de se ser jornalista de exceção, e colunista fazedor de opinião em Portugal não é para todos.
Hoje em dia, o Crespo apresenta o jornal das 9 da SIC notícias, e nos últimos dias despede-se dizendo "Mais um dia que passa, e a RTP já gastou mais um milhão de euros".
O comentador-jornalista Mário Crespo, na sua vendetta pessoal contra a RTP, espera que com este governo liberal, a RTP seja privatizada/concessionada, para o jornalismo de exceção voltar a fazer serviço público numa estação de televisão que já não será pública de qualquer das formas. Mas isso pouco importa ao Crespo, o que ele quer mesmo é regressar à RTP pela porta da frente, e se calhar num andar mais acima, num escritório de mais aconchego. Afinal é para isso que andou a trabalhar nos últimos 10 anos.
Eu despeço-me dizendo algumas coisas que o Crespo podia dizer mas não quer; "Mais um dia que passa, e a coligação de governo ainda se mantém de pé"; "Mais um dia que passa e o governo ainda não meteu o rabo entre as pernas e deu conta do erro colossal da medida da TSU"; " Mais um dia que passa e o  intriguista Mário Crespo ainda não foi corrido da SIC".
  

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Um pouco mais de esquerda

O calor de Verão naquele dia de Agosto era um fogacho do que se esperaria. E como o tempo é sempre um óptimo desbloqueador de conversa, quebrei o gelo referindo que o Verão naquele dia se tinha escondido. "Os comunistas é que deram cabo disto tudo!" - recebi como resposta. Ora, não sendo comunista, ainda assim percebi que a resposta não se limitava ao estado do tempo em particular, mas a tudo de um modo geral, e não consegui disfarçar um sorriso irónico. No entanto, nada disse.
Como explicar a um homem emigrado nos EUA há mais de 50 anos, que vive o sonho americano, que a coisa não era bem assim?! Como explicar-lhe que os EUA são dos poucos países que se recusaram a assinar os acordos de Quioto? Como explicar que foram as políticas liberais de Thatcher, Reagan, Bush pai e do idiota do Bush Jr. que permitiram a total desregulação do sistema financeiro e levaram ao rebentar da 'bolha'. Com as consequências que se conhecem. Como explicar que foram os especuladores 'agiotas' de colarinho branco que destruíram a economia ocidental, em nome dos mercados e da livre iniciativa de mão invisível. Como explicar que são os mesmos ainda que se propõem resgatar os estados, reféns das suas políticas de austeridade, urdidas em conselhos de administração de empresas que têm ministros e o FMI em speed dial. Como explicar que continuam a ser os mesmos a ditar (do verbo diktat) a maneira como serão os contribuintes e os trabalhadores a pagar o colapso do sistema por eles implodido e que agora pretendem reformar com mais do mesmo, impondo cartilhas liberais a cegos discípulos cheios de tesão, inebriados por uma falsa sensação de poder, cada vez menos legitimados (sim, agora estou a falar do 'conselheiro' Borges). Como explicar que o país mais 'democrat' do mundo, considera eleger para presidente outro idiota (Romney) do género Bush Jr. Será coincidência que todos os referidos venham dos católicos republicanos, que representam uma América contra o aborto, mesmo em caso de violação ou má formação, a favor dos lobbies, dos cidadãos armados até aos dentes, da política externa baseada no petróleo e na mentira e na guerra para o conseguir, num mapa geoestratégico de interesses, de perseguição e de intolerância só comparada com a dos terroristas, numa política fiscal de favorecimento dos mais ricos e proteção dos mais influentes (para o bem ou para o mal), no óbvio reforço do sector militar, na política de saúde do pagador/utilizador, estilo comparar pessoas com scut's (tens dinheiro e seguro vives, não tens morres). Como explicar que 50% de americanos do país com mais estúpidos por m2 não percebe nada disto, nem quer, ferrados no patriotismo bacoco de melhor nação do mundo, com uma arma na mão e uma bandeira na outra.
Obama será melhor? É, mas não muito. É confrangedor ver que a nação mais poderosa do mundo (até a China lhe apetecer) só tem uma visão, de direita ou de  imbecil direita (a China não é uma democracia, por isso não conta para este cálculo), olhando de soslaio uma visão mais social e igualitária da sociedade, assente no individuo, na equidade e na redistribuição. Quem assim pensar leva com o rótulo de comunista, o pior insulto que se pode dirigir a um americano, como tentam insinuar com Obama, que instituiu a saúde gratuita para quem não puder pagá-la. Mais ou menos o contrário do que acontece hoje em dia em Portugal, seguindo uma ideologia deliberadamente assente na desforra do liberalismo sobre a doutrina social, abdicando da soberania dos estados, da proteção social na saúde e no trabalho, rasgando décadas de luta e de evolução.
Um pouco mais de esquerda, e um pouco menos de direita cá e lá e podia ser que os sacrifícios e a crise não doessem tanto... A crise começou lá e continua por cá!

sábado, 8 de setembro de 2012

Ruído de fundo

O tenor de serviço cantou ao país. Com voz de barítono numa partitura gaga, a voz ecoou desafinada nas salas portuguesas ansiosas por ver o CR7 mais feliz.
Mais uma carga a caminho;... podia ser que a seleção desse sete a zero aos amadores do Luxemburgo.
Mas a música desafinada ainda soava a dor de cabeça e já os patrícios levavam no lombo, curiosamente de um emigrante luso. "Tomai lá, ele não disse para emigrar!".
Mais 7% de meia bola e força e lá daremos conta deles. A fé move montanhas, e tal como o tenor, meia bola e força há-de resolver o problema.
Mais 7% para a Segurança Social? "Não conheço esse jogador! Deve ser estrangeiro..."
Mas o jogo arrasta-se monótono e anestesiante, ainda por cima com aquela musiquinha a zumbir nos ouvidos. Mais 7%?!?! "Espera aí? Que se foda o 'Tristiano'! Vou ganhar ainda menos!!! E os 7% não contribuem para a minha reforma? Como é que se processa isto? Então para onde vai o desconto? É um imposto encapotado? Mau Maria!!! Começo a ficar indignado! Mais uma mini..."
Golo do 'Tristiano'! "Que se foda! E agora??? AHAHA!!! E os cortes nos escalões do IRS!?"
A musiquinha soa agora estridente... Um tenor com voz desafinada de barítono, seguido de futebol espetacular e tourada... Não existe melhor serviço público. Desvia as atenções de qualquer individuo menos afoito. O problema surge quando, após três minis e um pacote de cigarros de enrolar o individuo se põe a fazer contas... "Só dá bolas no poste e só me apetece dar com a cabeça  na parede".
2-1... O desemprego regride proporcionalmente à fé com que a música ainda toca nos ouvidos. O tenor desafinado, engasgado com a partitura, faz sonhar a entidade patronal de qualquer individuo. É música para os seus ouvidos. Agora com a TSU mais baixa, em decibéis mais tolerantes. Agora é que vai ser contratar... Até professores vão buscar para ensinar tricô ao Relvas. Rápido se torna num engenheiro têxtil do mais fino recorte, com exportação garantida.
Os escalões do IRS, como tudo o resto, são rés sem dó de pura fé inebriante. Música clássica de tenor reputado, que consegue atingir notas de barítono, rivalizando com Bocceli... Na cegueira!
Os escalões são na partitura como o Zé Cabra, o tenor e o barítono. Haja fé! É abrir a boca e logo se vê... Que se lixem os ouvintes. Toca um e dançam os outros. Quase todos pela mesma pauta, e sem progressão. Afinal a música pode ser caótica mas harmoniosa. Para quem quiser ouvir. Ébrios com futebol e touradas. Já passou o tempo dos piegas, agora só 'passos' de fé...
Valha-nos o BCE... A música desta semana já soou diferente... A ver vamos se ainda safa a carreira nos palcos...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A Demo-cracia tem destas coisas

Putin condecorou José Eduardo dos Santos com a Ordem de Honra russa. Mais um caso para uma revolta das vaginas (tradução livre de 'Pussy Riot').

 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

'Quis custodiet ipsos custodes?'

Enquanto CR7 se sente "triste profissionalmente" quando ganha 10 milhões de euros por ano no Real Madrid, imagino como se sentirá quem recebe o salário mínimo em Portugal ou pouco mais e a quem dizem que os salários e as indemnizações por despedimento ainda têm que baixar mais...
Ou assinalar com 'estupefação' que Catarina Furtado 'aceitou' baixar o seu salário mensal na RTP para uns 'míseros' 24 mil euros, enquanto a Troika afirma que o doente (Portugal) reagiu mal ao remédio (memorando de entendimento baseado na austeridade) por culpa exclusiva do governo. Será por ter exagerado na dose? Quando o governo dizia de peito feito que foi além daquilo que a Troika exigia? E a Troika a quem responde? Quem quis instituir um modelo experimental de liberalização do mercado assente no empobrecimento e na destruição da economia real? Quem guarda os guardas?
E a RTP vai ser concessionada a que amigo de Relvas e Borges para assegurar o seu 'job' na administração? Será a 'renovada' SLN do ex-novo-antigo amigo e ídolo Dias Loureiro? Já agora, que é feito desse pinóquio?
E o desemprego, a nova emigração, a Lei dos Compromissos, vista e revista 'ad hoc' 'as usual', a privatização da ANA, TAP e Águas de Portugal?
E as Novas Oportunidades que Relvas tão bem 'usou'?
E o diálogo, da espécie monólogo entre a coligação da maioria?
E os documentos dos submarinos? E o escândalo calado dos depósitos feitos por um tal 'Jacinto Leite Capelo Rego' em nome do CDS/PP?
Agora que acabou Agosto, a 'silly season' vai continuar até deixarmos...



sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Outra vez?

No dia de ontem, após o desvio colossal anunciado que põe em risco as metas do défice não só para este ano, mas também para o próximo (o tal que Passos Coelho diz que será o da inversão da crise), o 'ministro' das privatizações, António Borges, veio (não sei com que autoridade e/ou legitimidade), anunciar o fim da RTP2 e a criação de mais duas PPP's na RTP1 e na RDP.
Com mais uma inconstitucionalidade a caminho... não sei o que é que esta gente anda a fazer... deixo-vos o artigo 38º da CRP, com especial atenção ao seu n.º 5, onde diz o Estado e não um qualquer concessionário... outra vez o Tribunal Constitucional?
Artigo 38.º
Liberdade de imprensa e meios de comunicação social
1. É garantida a liberdade de imprensa.
2. A liberdade de imprensa implica:

a) A liberdade de expressão e criação dos jornalistas e colaboradores, bem como a intervenção dos primeiros na orientação editorial dos respectivos órgãos de comunicação social, salvo quando tiverem natureza doutrinária ou confessional;
b) O direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de informação e à protecção da independência e do sigilo profissionais, bem como o direito de elegerem conselhos de redacção;
c) O direito de fundação de jornais e de quaisquer outras publicações, independentemente de autorização administrativa, caução ou habilitação prévias. 
3. A lei assegura, com carácter genérico, a divulgação da titularidade e dos meios de financiamento dos órgãos de comunicação social.
4. O Estado assegura a liberdade e a independência dos órgãos de comunicação social perante o poder político e o poder económico, impondo o princípio da especialidade das empresas titulares de órgãos de informação geral, tratando-as e apoiando-as de forma não discriminatória e impedindo a sua concentração, designadamente através de participações múltiplas ou cruzadas.
5. O Estado assegura a existência e o funcionamento de um serviço público de rádio e de televisão.
6. A estrutura e o funcionamento dos meios de comunicação social do sector público devem salvaguardar a sua independência perante o Governo, a Administração e os demais poderes públicos, bem como assegurar a possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião.
7. As estações emissoras de radiodifusão e de radiotelevisão só podem funcionar mediante licença, a conferir por concurso público, nos termos da lei.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

De que tem medo Julian Assange?

A Inglaterra protegeu o ditador Pinochet e agora ameaça invadir a embaixada do Equador para capturar Assange. Dois pesos e duas medidas, são sempre a escapatória da incoerência e da falta de escrúpulos. Ameaçar invadir uma embaixada é o mesmo que ameaçar com uma declaração de guerra. Nós sabemos que Assange divulgou o logro e a pirataria que representou a intervenção inglesa, escudada na americana, do Iraque e do Afeganistão. Sabemos por causa do Wikileaks, mas saberíamos na mesma porque as supostas armas de destruição massiva nunca foram encontradas até hoje.
A Inglaterra deve um pedido de desculpas ao Equador, em nome das relações e do direito internacionais e da saudável convivência entre estados.
Coisa completamente distinta, é perceber porque é que o Equador deu asilo político a Assange. Para enfrentar os poderes colonialistas ingleses e americanos ou simplesmente por necessidades da campanha eleitoral presidencial de Correa, o presidente em funções lá do sítio, que tem eleições marcadas para Janeiro.
Quanto a Assange, que tanto apregoa a liberdade e a justiça, de que é que tem medo? A Inglaterra quer extraditá-lo para a Suécia onde tem um mandado de detenção por queixa de alegadas violações e abusos sexuais. A Suécia já disse que quer julgá-lo e não extraditá-lo para os EUA, até porque não existe nenhum mandado de detenção por parte dos EUA em relação a Assange. Assim sendo de que tem medo Julian Assange? Ou a justiça também se lhe não aplica. Se está inocente, que se vá defender, não se esconda... De qualquer das formas nunca gostei de 'bufos' nem de cusquices, ainda que praticadas ao mais alto nível. E Assange ganhou notoriedade por ser 'bufo'.
Gosto de saber que o que é privado assim continuará, sem que ninguém ande por aí a bisbilhotar.